quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Quanto sofre um profeta (confidente...)



Hugo Ferreira Pinto

   Eis o que afirma o Emmo. Cardeal Ratzinger, respondendo à questão: "A história da Igreja testemunha um fato particular a respeito da profecia: É que a profecia provoca sempre ofensas, tanto da parte do profeta como da parte do destinatário. Como explica este dilema?
  Resposta do Cardeal: "Que uma profecia não se possa fazer ouvir sem provocar sofrimentos tanto no profeta quanto no destinatário, não é nada de novo. O profeta é chamado a sofrer de uma forma específica: a pedra-de-toque que verifica a autenticidade de um profeta é saber se sim ou não ele está disposto a sofrer, a partilhar a Cruz de Cristo. O profeta não procura nunca impor-se, e será a Cruz de Cristo que irá verificar e confirmar a autenticidade da sua mensagem."
               É o que acabamos de comprovar...
              Afirma uma carismática que também recebia as Mensagens do Céu:
          “Os momentos de provação foram muito difíceis: No início, o abandono dos amigos e as chacotas que faziam. Depois, as mais humilhantes provações: Notícias caluniosas espalhadas pela rádio da cidade; o pedido para que fôssemos presos e o Santuário interditado; as ameaças de prisão e de morte, mesmo eu estando grávida. Um tempo depois, fomos novamente humilhados, em público, na igreja. Após esta terrível experiência, muitas pessoas se afastaram, pedindo de volta objetos que, até então, tinham doado: desde objetos, como um sino, até papel utilizado para distribuir as mensagens.
 As calúnias e as perseguições chegaram a tal ponto que tentaram retirar-nos do nosso trabalho. Eu acho que uma das piores dores é a traição dos que se dizem amigos e dos familiares, pessoas que cresceram e conviveram conosco, que nos conheceram e que, de repente, voltam-se contra nós com ódio. Há a dor da injustiça, de ser acusado daquilo que não se fez e daquilo que não se é.
              Entretanto, se os sofrimentos não tivessem ocorrido, como poderíamos testemunhar esta caminhada? Eles nos proporcionaram o aumento da fé, a certeza de que Deus jamais nos abandona. Os sofrimentos nos aproximam tanto do Pai, que somente Nele encontramos força para superar as dificuldades, por maiores que elas se apresentem e por Ele, somente por amor a Ele, suportamos as provações.
Não vou multiplicar testemunhos dessa natureza. Somente mais um do nosso conhecido Pedro Regis:

Em 14 de julho de 1989, Pedro desceu do ônibus voltando da escola e viu dois homens de aspecto suspeito aproximarem-se perguntando-Ihe se era ele o Pedro que via a Santa. Depois de confirmar, Pedro viu os sujeitos sacarem e dispararem armas de fogo contra ele. enquanto diziam: ”Quero ver o que Ela vai fazer por você agora” . As balas não afetaram o rapaz, que viu os dois fugirem aos gritos de ”Olha ali! 0lha ali!”, sem que ninguém nunca mais soubesse ao certo o que acontecera, entretanto as mensagens da Virgem sempre incomodaram onde quer que tenham sido manifestas. Com certeza, este não é o único caso em que, como afirma o próprio Papa, “uma mão materna desviou a trajetória da bala”.

            Prossegue a entrevista com o Emmo. Cardeal Ratzinger:

            “A frustração é, pois, quase inevitável, sempre que se vê como a maior parte das figuras proféticas foram, enquanto vivos, rejeitados pela Igreja, pelos seus críticos e pelas suas tomadas de posição negativas. Uma grande parte dos profetas cristãos, tanto homens como mulheres, confirmam-no.”

            Resposta do Cardeal:
            - “Justamente. Santo Inácio de Loyola foi preso, tal como São João da Cruz. Santa Brígida da Suécia esteve quase a ponto de ser condenada pelo Concílio de Bale. A este respeito, a prática tradicional da Congregação para a Doutrina da Fé é dizer-nos que nos mantenhamos, num primeiro tempo, muito reservados face às afirmações dos místicos. Justifica-se esta atitude, no sentido em que também existe muito falso misticismo, de casos patológicos. E esta é a razão pela qual levamos certo tempo a ver a temperatura a fim de reconhecer-se, no determinado caso, se não se trata de sensacionalismo, de invenção ou de superstição. Um místico prova a sua autenticidade pelo sofrimento, pela submissão, pela sua paciência e persistência.  E é assim que ele se impõe à audiência. Quanto à Igreja, deve evitar emitir prematuramente um juízo definitivo, a fim de evitar esta acusação: ‘matastes os profetas’. (Cardeal Ratzinger concedeu esta entrevista ao teólogo Niels Christian Hvidt no dia 16 de Março de 1998).

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