Hugo Ferreira Pinto
Eis o que afirma o Emmo. Cardeal Ratzinger, respondendo à questão: "A
história da Igreja testemunha um fato particular a respeito da profecia: É que
a profecia provoca sempre ofensas, tanto da parte do profeta como da parte do
destinatário. Como explica este dilema?
Resposta do Cardeal: "Que uma profecia não se possa fazer
ouvir sem provocar sofrimentos tanto no profeta quanto no destinatário, não é
nada de novo. O profeta é chamado a sofrer de uma forma específica: a
pedra-de-toque que verifica a autenticidade de um profeta é saber se sim ou não
ele está disposto a sofrer, a partilhar a Cruz de Cristo. O profeta não procura
nunca impor-se, e será a Cruz de Cristo que irá verificar e confirmar a
autenticidade da sua mensagem."
É o que acabamos de comprovar...
Afirma uma carismática que também
recebia as Mensagens do Céu:
“Os momentos de
provação foram muito difíceis: No início, o abandono dos amigos e as chacotas
que faziam. Depois, as mais humilhantes provações: Notícias caluniosas
espalhadas pela rádio da cidade; o pedido para que fôssemos presos e o
Santuário interditado; as ameaças de prisão e de morte, mesmo eu estando
grávida. Um tempo depois, fomos novamente humilhados, em público, na igreja.
Após esta terrível experiência, muitas pessoas se afastaram, pedindo de volta
objetos que, até então, tinham doado: desde objetos, como um sino, até papel
utilizado para distribuir as mensagens.
As calúnias e as
perseguições chegaram a tal ponto que tentaram retirar-nos do nosso trabalho.
Eu acho que uma das piores dores é a traição dos que se dizem amigos e dos
familiares, pessoas que cresceram e conviveram conosco, que nos conheceram e
que, de repente, voltam-se contra nós com ódio. Há a dor da injustiça, de ser
acusado daquilo que não se fez e daquilo que não se é.
Entretanto, se os sofrimentos não tivessem ocorrido,
como poderíamos testemunhar esta caminhada? Eles nos proporcionaram o aumento
da fé, a certeza de que Deus jamais nos abandona. Os sofrimentos nos aproximam
tanto do Pai, que somente Nele encontramos força para superar as dificuldades,
por maiores que elas se apresentem e por Ele, somente por amor a Ele,
suportamos as provações.
Não vou multiplicar testemunhos
dessa natureza. Somente mais um do nosso conhecido Pedro Regis:
Em 14 de julho de 1989, Pedro
desceu do ônibus voltando da escola e viu dois homens de aspecto suspeito
aproximarem-se perguntando-Ihe se era ele o Pedro que via a Santa. Depois de
confirmar, Pedro viu os sujeitos sacarem e dispararem armas de fogo contra ele.
enquanto diziam: ”Quero ver o que Ela vai fazer por você agora” . As balas não
afetaram o rapaz, que viu os dois fugirem aos gritos de ”Olha ali! 0lha ali!”,
sem que ninguém nunca mais soubesse ao certo o que acontecera, entretanto as
mensagens da Virgem sempre incomodaram onde quer que tenham sido manifestas.
Com certeza, este não é o único caso em que, como afirma o próprio Papa, “uma
mão materna desviou a trajetória da bala”.
Prossegue a entrevista com o Emmo. Cardeal Ratzinger:
“A
frustração é, pois, quase inevitável, sempre que se vê como a maior parte das
figuras proféticas foram, enquanto vivos, rejeitados pela Igreja, pelos seus
críticos e pelas suas tomadas de posição negativas. Uma grande parte dos
profetas cristãos, tanto homens como mulheres, confirmam-no.”
Resposta do Cardeal:
- “Justamente. Santo Inácio de
Loyola foi preso, tal como São João da Cruz. Santa Brígida da Suécia esteve
quase a ponto de ser condenada pelo Concílio de Bale. A este respeito, a
prática tradicional da Congregação para a Doutrina da Fé é dizer-nos que nos
mantenhamos, num primeiro tempo, muito reservados face às afirmações dos
místicos. Justifica-se esta atitude, no sentido em que também existe muito
falso misticismo, de casos patológicos. E esta é a razão pela qual levamos
certo tempo a ver a temperatura a fim de
reconhecer-se, no determinado caso, se não se trata de sensacionalismo, de
invenção ou de superstição. Um místico prova a sua autenticidade pelo
sofrimento, pela submissão, pela sua paciência e persistência. E é assim que ele se impõe à audiência.
Quanto à Igreja, deve evitar emitir prematuramente um juízo definitivo, a fim
de evitar esta acusação: ‘matastes os profetas’. (Cardeal
Ratzinger concedeu esta entrevista ao teólogo Niels Christian Hvidt no dia 16
de Março de 1998).
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