segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

III CONGRESSO DO MC - “Eis que Eu faço novas todas às coisas”


                                                                                                               Salvador, 07.09.2000


O ESPÍRITO SANTO RENOVA A IGREJA.
 

   Dom Geraldo Majella Angnelo

Arcebispo de Salvador.

 


 


“Que ninguém ponha a sua glória em homem algum” (1 Cor 3,22)


“Avançai para águas mais profundas, e lançais vossas redes para a pesca” ( Lc 5,4)



         Através das leituras que acabamos de ouvir, podemos traçar um itinerário para  a nossa reflexão.




1)    O Espírito Santo faz<novo> o povo dos que aceitam o Evangelho:  “ Escuta o que o Espírito diz às igrejas” (Ap).

         O Espírito Santo transforma, renova quem acolhe Jesus Cristo como o Senhor. O batismo faz do discípulo de Jesus uma criatura nova. O Espírito que pairava sobre as águas e batizou o universo, paira sobre os ouvintes no dia de Pentecostes e os batiza  com sua força formando o novo povo de Deus. Pentecostes  é a nova criação da qual brota o homem novo. Como na primeira Deus contemplou a bondade de tudo o que ele tinha feito, na segunda criação. Ele contempla a obra realizada pelo seu Filho e manifesta sua complacência. “O Espírito do Senhor repousa sobre mim, ele me ungiu e me enviou...”(Lc 3,14-21). Na sinagoga de Nazaré encontra–se a realização das promessas antigas e o anúncio da missão do Senhor Jesus  e de sua igreja.



 2) O Espírito Santo transforma os Apóstolos.


          O fraco e medroso Pedro da tríplice negação, enfrenta com coragem a multidão que acorreu no dia de Pentecostes. Agora, ele tem coragem de afirmar sua fé em Cristo e de acusar os judeus:  Aquele que vocês crucificaram...”. É humanamente irreconhecível o medroso Simão. Com a força do Espírito, ele torna–se o destemido Pedro, testemunha de Jesus. O dom da fortaleza começa a funcionar e dá os seus bons resultados.

          A mesma transformação acontece com os outros apóstolos. Eles dão glória a Deus que os considera dignos de sofrer por causa de Jesus Cristo. Os primeiros prosélitos manifestaram a mesma coragem. Estevão enfrenta os seus acusadores e carrascos com serenidade e firmeza. O relato de sua morte parece uma cópia da que sofreu Jesus: ele perdoa e reza pelos seus carrascos. A presença de Saulo ( homem velho) não deixa prever o que o Espírito Santo fará com ele transformando –o em Paulo (Homem novo).


3) Nós e o Espírito.


         São  múltiplas  as manifestações do Espirito em nossa vida. Por falta  de catequese adequada, bom  numero de fieis, vive como se não  o tivesse recebido. No entanto, todos o recebemos e sentimos que age em nossa vida .

A fé e a primeira manifestação do Espirito em nossa vida. Ela  acontece quando abrimos o coração  para a revelação de Deus. Ninguém pode dizer Jesus é o Senhor, a não ser pelo Espirito Santo. (Cor 12,3). Isso e muito confortante, pois nos da a possibilidade de nos regozijar pelos muitos irmãos que confessam o senhor Jesus também fora da Igreja católica . Sua ação não teme os limites que nos lhe impomos  com nossos preconceitos . Assim, como na outra margem do lago, Jesus constatava a manifestação de fé do povo desprezado pelos judeus, assim também nos reconhecemos os esforços dos outros cristãos  e as   maravilhas que opera entre eles  o Espirito Santo. Tem muita gente boa, que faz o bem sem mesmo Ter ouvido falar no Espirito Santo (At 8,15-17).

Nossos preconceitos nos levam muitas vezes a excluir irmãos que não pensam e não rezam como n[os gostaríamos que fizessem. No entanto, eles podem ser sábios  que o Espírito guia nos caminhos da humildade.
 

4) Os dons do Espírito Santo 


Quando analisamos os dons do Espirito não sabemos ir muito além do que aparece. O melhor da ação de  Deus é sempre o que não se manifesta claramente. O evangelho de hoje nos oferece uma pista para entender este aspecto “Avançai para águas mais profundas, e lançai vossas redes para a pesca” (Lc 5,4). Não podemos ficar na margem quando se trata de avaliar o poder de Deus sobre as almas. Para descobrir e compreender quais são os verdadeiros dons do Espirito, precisamos mergulhar no coração da Bíblia .E ai o que encontramos .

4.1) O primeiro dom do Espírito Santo é a fé no Senhor Jesus. É o Espirito Santo que revela  que Jesus é o Cristo, e continua atuando de maneira invisível entre nós “Deus no-lo  revelou pelo Espirito Santo’’ ( I Cor 2,10), ‘ Deus enviou aos nossos corações  o Espírito do seu Filho que clama Abba, Pai”. (Gl 4,6).

4.2) O segundo Dom do Espirito Santo é a Igreja como corpo de Cristo.

O Espirito Santo doa ao mundo a Igreja para que ela continue a  missão  de Cristo evangelizar os pobres. Ela nasceu para isso  e vive para isso . Quando ela obedece ao Espirito, a Igreja recebe a força necessária  para dar o seu testemunho de fidelidade e de esposa .


“Quando vier o Paráclito  que eu enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai, ele te dará testemunho de mim . E vós  também dareis testemunho , porque desde o princípio  estais comigo “ (Jo 15, 26-27).


4.3) Há uma variedade de outros dons  do Espirito  que caracterizam a vida da Igreja. Sem o exercício desses dons ninguém de nós  poderia prolongar a missão do Cristo  no tempo e no espaço . Eles são diferentes, mas todos indispensáveis  para o crescimento da unidade do corpo de Cristo que é a Igreja.

Vivemos numa época em que os dons comuns e tradicionais  ficam esquecidos. São eles os seguintes:  sabedoria e inteligência; conselho  e fortaleza; ciência e piedade; temor de Deus. Esses são os dons responsáveis pelas vitórias cotidianas do povo cristão. Está faltando uma catequese mais profunda sobre eles: “Avançar para águas mais profundas...”, sugeria o evangelho de hoje.

Logicamente, não podemos excluir  os dons extraordinários, mas eles devem respeitar os critérios bíblicos  que a Igreja assume e defende.  Prestemos atenção ao que diz Paulo em (I Cor 12, 1-11.) 

“ E não quero vos deixar ignorantes quanto aos dons espirituais.. Sabeis que, quando ainda pagãos, corríeis sempre para os ídolos mudos, como que arrastados irresistivelmente. Por isso eu vos declaro: Quando fala sob a ação do espirito de Deus, ninguém diz “maldito seja Jesus” e ninguém pode dizer “Jesus é o Senhor” sem estar sob a ação  do Espirito Santo.

São vários os dons espirituais, mas o Espirito é o mesmo. E os ministérios são vários, mas o Senhor e o mesmo . As obras também são vários , mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos . As obras também são varias, mas [e o mesmo Deus que realiza tudo em todos. A cada um e dada a manifestação  do espirito em vista do bem de todos. A um e dada pelo Espirito uma palavra de sabedoria; a outro, a palavra de ciência, segundo o mesmo Espírito; a outro a fé no mesmo Espírito poder de operar milagres; a outro, a profecia; o discernimento dos espíritos a outro o dom de interpretação. Mas e o único e mesmo Espirito que realiza isto tudo, distribuindo a cada um como quer’’. A diversidade das línguas significa falar  na própria língua e ser entendido na língua do ouvinte.


5) Os carismas e o Espirito


Outros dons que o Espirito doa  a Igreja são carismas que se traduzem em serviços destinados ao crescimento e organização da Igreja. Concluímos com uma ultima observação que o Evangelho provoca: “Que ninguém ponha a sua   glória  em homem algum”(1Cor 3,22). Isso ecoa o Salmo “Infeliz do homem que confia em outro homem”!

Nos últimos tempos, dentro e fora da Igreja, surgiram pessoas que se disseram inspiradas  por Deus e por Nossa Senhora. Elas acabaram influenciando muita gente e chegaram a assustar todo mundo com previsões de catástrofes e de fim do mundo. Apesar dessas profecias , o mundo esta continuando. Fora da Igreja, houve até suicídios em massa. Dentro da Igreja, divisões e fanatismo. Isso não vem de Deus. Isso não pode ser obra do Espirito Santo. Baste esta alerta do Evangelho para que saibamos  discernir  bem o que é fruto do Espirito.

Para finalizar. Aproveito uma página maravilhosa de um Metropolita  oriental sobre o Espirito Santo e a Igreja para fazer uma  síntese de tudo o que já disse:



Sem o Espirito Santo,

Deus esta longe;

O Cristo fica no passado;

O Evangelho e letra morta;

A  Igreja é uma simples organização;

A autoridade uma dominação;

A missão uma propaganda,

O culto uma evocação;

E o agir dos cristãos uma moral de escravos.

 

 

MAS NELE



O cosmos se levanta e geme pelas dores de parto do Reino,

O Cristo ressuscitado esta presente,

O Evangelho e potência de vida ,

A Igreja significa comunhão trinitária,

A autoridade é serviço libertador,

A missão é Pentecostes,



A liturgia e memorial e antecipação ,

O agir humano e divinizado.



IGNATIO DE LATAQUIA, Metropolita oriental

(citado por LEON JOSEPH SUENENS)



        O Espírito Santo Renova a Igreja




Dom Geraldo Majella  Agnelo
Arcebispo de Salvador




Meu querido Irmão:

Dom José Afonso, Meus queridos irmãos sacerdotes, que comigo concelebram esta Eucaristia, querido diácono, meus irmãos, minhas irmãs, participantes deste III Congresso Nacional do Movimento Carismático de Assis. Através das leituras da palavra de Deus que acabamos  de ouvir podemos traçar o  intinerário para a nossa reflexão. O Espírito Santo faz o povo dos que aceitam o Evangelho . Faz o novo povo de Deus.

Nós nos lembramos do Apóstolo, do  evangelista  João no livro do Apocalipse, quando ele nos lembra, sempre naquela advertência : O que escuta? O que o Espírito diz às Igrejas?  O Espírito transforma, renova, quem acolhe Jesus Cristo como o Senhor. Ele que é o autor da transformação de tudo que acontece em nós, por obra da palavra de Jesus. O batismo faz do discípulo de Jesus uma criatura nova. Realmente é o Espírito Santo que faz o novo povo de  Deus. Os filhos de Deus pelo batismo, como esta realidade, ela é importante como ela é básica, ela é essencial, tudo se constrói em nós, apartir do nosso batismo. O Batismo não foi apenas  um rito de ingresso, na família dos filhos de Deus, mas ele é realmente  aquele que constrói em nós a nova realidade, nós não somos mais simples criaturas, mas realmente filhos de Deus. E tudo que vem depois, a todos os outros  Sacramentos, supõem  revivem dão uma nova potência ao que foi construída em  nós pelo Batismo. Toda a nossa vida deve portanto ser vista, deve ser pensada em tudo o que nós fizemos sobre o nosso batismo. O Espírito que pairava sobre as águas e batizou, podemos dizer o universo, paira sobre os ouvintes no dia  de  Pentecostes e os batiza com  sua força, formando o novo povo de Deus. Pentecostes é o nova criação da qual brota o homem novo. Como na primeira criação, Deus contemplou a bondade de tudo que ele tinha feito. Na Segunda criação, Ele contempla a obra realizada pelo seu Filho e  Ele manifesta a sua complacência , porque Ele viu  o que fez e achou belo, achou bom.

 “O Espírito do  Senhor repousa sobre mim. Ele me ungiu e me enviou”, assim aquele texto de Isaías é recordado quando Jesus inicia a pregação do Evangelho depois do seu batismo. Na Sinagoga de Nazaré encontra-se a realização das promessas antigas e o anúncio da missão de Jesus e da sua Igreja. Justamente naquele dia de sábado entrando na Sinagoga, estava aberto o livro do profeta Isaías onde se lêem estas palavras de Isaías.

Então em primeiro lugar o Espírito Santo faz  o novo povo de Deus, o povo daqueles que aceitam o Evangelho e o procuram  viver intensamente. Uma segunda verdade que nós encontramos na ação do Espírito Santo no povo de Deus e na Igreja, o Espírito Santo transforma os apóstolos e transforma constantemente toda a Igreja, transforma os apóstolos. No dia de Pentecostes eles saíram e Pedro pregou para uma multidão imensa, proveniente de diversas partes do mundo. Então nós contemplamos aquele homem até o dia de Pentecostes, era um homem fraco e medroso. Pedro que havia negado o Cristo por três vezes, porque tinha medo de também ele ir para o patíbulo da cruz. E ele então agora, enfrenta com coragem a multidão que acorreu no dia de Pentecostes para ouvi-lo. Agora ele tem coragem de afirmar a sua fé em Cristo e de acusar os judeus: Aquele que vocês crucificaram, é podemos dizer, humanamente irreconhecível, o medroso Simão Pedro. Com a força do Espírito ele se torna o destemido Pedro, testemunha de Jesus. Ele que vai nos dizer depois, assim como ele foi testemunha de Jesus, que nós também devemos testemunhar a nossa fé ou as razões da nossa esperança.

Na Sinagoga de Nazaré, Jesus havia falado do Espírito Santo portanto, que estava sobre Ele para evangelizar, agora o Espírito Santo que desceu sobre os apóstolos em Pentecostes está sobre eles para que eles possam com destemor, possam anunciar o Evangelho. O dom da fortaleza começa a funcionar e dar os seus bons resultados. Ele pregou e, com tal autoridade, com tal convicção, dado pelo Espírito Santo que uma multidão se converteu e assim, recebeu o batismo. A mesma transformação acontece com os apóstolos, eles dão glórias a Deus que os considera dignos de sofrer por causa de Jesus Cristo. É este o testemunho ao serem presos, eles consideravam que era uma vitória, que era digno de alegria está vitória sobre todos os males e sobre a perseguição e até sobre a morte, por causa de Jesus Cristo. Os primeiros prosélitos, isto é, os que tinham se convertido e tinham recebido o batismo, manifestam a mesma coragem. Estêvão enfrenta os seus acusadores e carrascos.... e reza pelos seus carrascos.

A presença de Saulo, o homem velho, não deixa prever o que o Espírito Santo fará com ele, transformando-o em Paulo, o homem novo. Nós nos admiramos com tantos mártires que deram a sua vida, deram o seu sangue, através dos tempos nestes dois mil anos, desde que Cristo Jesus veio a este mundo para revelar o plano de Deus sobre nós e realizá-lo plenamente. Quantos mártires, quantos deram seu sangue, mas é mais ainda admirável o número de tantos que testemunharam com a força do Espírito Santo. Tantos  toda sua vida, ao longo de sua vida, testemunharam a sua fé, testemunharam a sua esperança e o amor que o Espírito de Deus colocou no seu coração, vivendo, sendo fiéis a Cristo, isto nós encontramos nas nossas casas, quantas pessoas, quantos dos nossos familiares, quem sabe nossos amigos e nós mesmos que procuramos testemunhar, que procuramos viver vida cristã, que procuramos andar contra o espírito deste mundo, um espírito que nos leva por um caminho, por uma estrada larga, fácil, para perdição, lutar contra a corrente  do mal. Isto é ação do Espírito Santo em nós, portanto são múltiplas as manifestações do Espírito em nossa vida.

Por falta de catequese adequada, bom número de fiéis, vivem como se não o tivessem recebido, no entanto todos o recebemos e sentimos que age em nossa vida. É preciso este cuidado constante de ouvir, de escutar a palavra de Deus, não apenas aquilo que é gostoso de ouvir, aquela palavra que nos conforta somente mas é preciso ouvir tudo, sem descontar nada. A nossa fé não pode ser uma fé que nós procuramos só naquilo que nos agrada, mas para ouvir tudo o que Jesus nos falou, mesmos o que é difícil, Ele mesmo perguntou até aos apóstolos quando Ele via que certos discípulos o abandonavam porque Ele falava coisas duras e Ele perguntou aos apóstolos “E vocês também não querem ir embora?” E Pedro nos salvou  naquele momento, como ele continua no Papa a nos falar e a nos confirmar na fé: ‘Só Tu tens palavras de vida eterna’. Pedro respondeu  a Jesus. A fé é a primeira manifestação do Espírito em nossa vida ela acontece quando abrimos o coração para a revelação de Deus. Ninguém pode dizer: “Jesus é o Senhor a não ser pelo Espírito Santo”. Isso é  muito confortante pois nos dá a possibilidade nos regozijar  pelos muitos irmãos que confessam o Senhor Jesus, em toda a parte até mesmo fora dos nossos. Sua ação não teme os limites que nós lhe impomos com os nossos preconceitos ninguém diz o nome de Jesus de modo que seja uma palavra que testemunha senão pela força do Espírito Santo. O Espírito Santo sopra aonde Ele quer, e Ele é capaz de derrubar um Saulo um que  perseguia a Igreja  de Cristo e fazer aquele  evangelizador  que defende a Igreja aquele que fala em nome de Cristo em nome da Igreja Ele próprio após a conversão passou dez anos sem ainda começar a anunciar o evangelho.  O que ele fez nesses dez anos?  Foi a Ananias, foi instruído, foi batizado, conviveu com a Igreja , conviveu com os Apóstolos, para aprender , para aprofundar e foi nesta contemplação da palavra de Deus com a força do  Espírito Santo que ele então se preparou para pregar, e ele então não só pregou oralmente mas nos deixou a palavra de Deus também  escrita, revelação de Deus  que é palavra autorizada a única que é capaz realmente de ser um sacramento para nós da própria vontade de Deus, a apalavra de Deus pregada e escrita.

Assim como na outra margem do lago, Jesus constatava a manifestação de fé do povo desprezado pelos Judeus, assim nós reconhecemos os esforços dos outros cristãos e as maravilhas que opera ente eles e no mundo inteiro o Espírito Santo. É ele que conduz a história sem dúvida nenhuma..

 Jesus fala que ele deve pregar a Boa Nova a outros povos mesmo ali vizinhos do povo Judeu, ele deve pregar. Tem muita gente boa que faz o bem sem mesmo Ter ouvido falar no Espírito Santo, sem dúvida nenhuma, é o Espírito Santo quem sopra é o Espírito Santo quem conduz, por isso, não tenhamos medo de toda a dificuldades que possa passar o mundo. Porque o Espírito de Deus, Ele conduz  mesmo que nós não compreendemos , Ele conduz a história. Não tenhamos preconceitos , nossos preconceitos nos levam muitas vezes até excluir irmãos que não pensam e não rezam como nós gostaríamos  que fizessem, no entanto, eles podem ser os sábios que o Espírito guia nos caminhos da humanidade e na humildade. Neste novo documento emanado da Santa Sé  sobre a fé, sobre a verdade, sobre a busca da verdade. O documento reconhece, como está na própria palavra de Deus, como está no Concílio Vaticano II, na Dei Verbum E como tem sido tantas vezes lembrado as sementes da  palavra de Deus que está no mundo inteiro e que portanto não é obra dos homens mas é obra de Deus é obra do Espírito Santo, daí nós acreditamos  que esta sementes da palavra, elas vão realmente aprofundar na sua germinação, nas raízes que deitará na humanidade, até que um dia finalmente. todos possam reconhecer que o nosso Deus ele é o Deus verdadeiro e que o Seu Filho é o único Salvador, é o único Redentor e que também nós somos os enviados não só para viver pessoalmente mas para testemunharmos para os outros,  para anunciarmos para os outros,  a Salvação, a Verdade a Vida .Nós falamos tantas vezes dos dons do Espírito Santo, quando analisamos os dons do Espírito não sabemos ir muito além do que aparece é sempre o que não se manifesta claramente.

O Evangelho de hoje nos oferece uma pista para entender este aspecto: Nosso Senhor falou aos apóstolos, que avançassem  para dentro do lago. “Avançai para águas mais profundas e lançai as vossas redes para a pesca .” Não podemos ficar na margem quando se trata  de avaliar o poder de Deus sobre às almas. Para descobrir e compreender quais são os verdadeiros dons do Espírito, precisamos mergulhar no coração da bíblia e aí o que encontramos? O primeiro dom do Espírito Santo é a fé no Senhor Jesus. É o Espírito Santo que dá esse dom.    tantas pessoas que procuram a fé, e procuram com tanta vontade, a verdade e ainda não tem a fé. No ano passado foi canonizada Edite          ,   aquela  hebréia, filósofa, que encontrou a procurou a fé,  procurou a verdade, através da filosofia e ela tinha um Espírito completamente desarmado e encontrou a verdade. A verdade é Deus. E aí ela ouviu a palavra de Deus, também na escritura e na pregação desta palavra e ela foi batizada e ela aprofundou sempre mais essa escuta,  e se fez também uma contemplativa, uma carmelita. E até o fim de sua vida,  na perseguição aos hebreus mesmo batizados cristãos, ela foi ao centro de concentração em----------  na Polônia ,desterrada e na prisão e lá sofreu o martírio. Esta é uma procura da verdade, mas , há tantas outras pessoas  que estão procurando ainda a  verdade e ainda não tiveram a fé. A fé realmente é um dom do Espírito Santo. Nós devemos Ter a humildade de reconhecer como o autor da fé que nós vivemos, que nós  professamos.

 É o Espírito Santo que revela  que Jesus é o Cristo e continua atuando de maneira invisível entre nós . Deus no-lo revelou pelo Espírito Santo. Deus enviou  aos nossos corações o Espírito de Seu Filho que clama  Abba, Pai. Até para nós também reconhecermos a Deus como nosso Pai, é o Espírito Santo que inflama o nosso coração  para ouvirmos a revelação de Jesus  e chamarmos a Deus  de nosso  Pai.

O segundo dom do Espírito Santo é a Igreja como corpo de Cristo. O Espírito Santo dá  ao mundo a Igreja, para que ela continue a missão de Cristo: Evangelizar os pobres. A Igreja é o corpo de Cristo. Cristo é a cabeça ,nós somos os membros,  a alma , a vida deste corpo é o Espírito Santo e por isso, Cristo nos envia para evangelizar os pobres de Espírito aqueles que se abrem para ouvir a palavra de Deus. A Igreja nasceu para isso e vive para isso. Quando ela obedece ao Espírito a Igreja recebe a força necessária para  dar o seu testemunho de fidelidade e de Esposa. São João nos fala nos  capítulos 15, “ quando vier o Paráclito  que Eu enviarei da parte do Pai,  o Espírito da verdade que procede do Pai, Ele dará  testemunho de mim e vós também dareis testemunho porque desde o princípio estais comigo.

Há um a variedade de dons  do Espírito que caracterizam a vida da Igreja sem o exercício desses dons ninguém de nós poderia prolongar a missão do Cristo no tempo e no espaço. Os dons do Espírito são diferentes mas todos indispensáveis para o crescimento da unidade do corpo de Cristo. Que é a Igreja. Vivemos em uma época em que os dons comuns e tradicionais ficam esquecidos, são eles: sabedoria, inteligência, conselho e fortaleza, ciência, temor de Deus e o dom  da piedade. São dons que nos preparam para ouvir a palavra de Deus, para aderir a palavra de Deus, são dons que nos preparam também para poder anunciar .

Logicamente, não podemos excluir  os dons extraordinários, mas eles devem respeitar os critérios bíblicos  que a Igreja assume e defende.  Prestemos atenção ao que diz Paulo em (I Cor 12, 1-11.) 

“ E não quero vos deixar ignorantes quanto aos dons espirituais.. Sabeis que, quando ainda pagãos, corríeis sempre para os ídolos mudos, como que arrastados irresistivelmente. Por isso eu vos declaro: Quando fala sob a ação do espirito de Deus, ninguém diz “maldito seja Jesus” e ninguém pode dizer “Jesus é o Senhor” sem estar sob a ação  do Espirito Santo.

São vários os dons espirituais, mas o Espirito é o mesmo. E os ministérios são vários, mas o Senhor e o mesmo . As obras também são vários , mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos . As obras também são varias, mas [e o mesmo Deus que realiza tudo em todos. A cada um e dada a manifestação  do espirito em vista do bem de todos. A um e dada pelo Espirito uma palavra de sabedoria; a outro, a palavra de ciência, segundo o mesmo Espírito; a outro a fé no mesmo Espírito poder de operar milagres; a outro, a profecia; o discernimento dos espíritos a outro o dom de interpretação. Mas e o único e mesmo Espirito que realiza isto tudo, distribuindo a cada um como quer’’. A diversidade das línguas significa falar  na própria língua e ser entendido na língua do ouvinte.

Outros dons que o Espirito doa  a Igreja são carismas que se traduzem em serviços destinados ao crescimento e organização da Igreja. Concluímos com uma ultima observação que o Evangelho provoca: “Que ninguém ponha a sua   glória  em homem algum”(1Cor 3,22). Isso ecoa o Salmo “Infeliz do homem que confia em outro homem”!

Nos últimos tempos, dentro e fora da Igreja, surgiram pessoas que se disseram inspiradas  por Deus e por Nossa Senhora. Elas acabaram influenciando muita gente e chegaram a assustar todo mundo com previsões de catástrofes e de fim do mundo. Apesar dessas profecias , o mundo esta continuando. Fora da Igreja, houve até suicídios em massa. Dentro da Igreja, divisões e fanatismo. Isso não vem de Deus. Isso não pode ser obra do Espirito Santo. Baste esta alerta do Evangelho para que saibamos  discernir  bem o que é fruto do Espirito.

Para finalizar. Aproveito uma página maravilhosa de um Metropolita  oriental sobre o Espirito Santo e a Igreja para fazer uma  síntese de tudo o que já disse:



Sem o Espirito Santo,

Deus esta longe;

O Cristo fica no passado;

O Evangelho e letra morta;

A  Igreja é uma simples organização;

A autoridade uma dominação;

A missão uma propaganda,

O culto uma evocação;

E o agir dos cristãos uma moral de escravos.

 

 

MAS NELE



O cosmos se levanta e geme pelas dores de parto do Reino,

O Cristo ressuscitado esta presente,

O Evangelho e potência de vida ,

A Igreja significa comunhão Trinitária,

A autoridade é serviço libertador,

A missão é Pentecostes,



A liturgia e memorial e antecipação ,

O agir humano e divinizado.



IGNATIO DE LATAQUIA, Metropolita oriental

(citado por LEON JOSEPH SUENENS)

V Congresso Nacional do MC




“Necessário vos é nascer de novo. O Espírito sopra onde quer. A ação do Espírito Santo no Brasil e no mundo. MC: Sopro do Espírito”.



A Igreja que nasce de novo pela Ação do Espírito Santo.

Dom Benedito Beni dos Santos


 
1.  Quem é o Espírito Santo?

 
Saber quem é Jesus Cristo não é difícil. Ele é o Verbo encarnado. O Filho de Deus que assumiu a nossa natureza e condição humana. São João, em sua primeira carta, se refere ao Verbo da Vida, que nossos olhos viram, nossos ouvidos ouviram e nossas mãos apalparam (cf.1Jo, 1,1). Nada disso pode ser dito do Espírito Santo, pois Ele não se encarnou, não assumiu um rosto humano. Permanece para sempre na condição de espírito. Sua “quenosis” (escondimento) é mais profunda que a do Filho. O Filho, em sua “quenosis,”assumiu um rosto humano, recebeu um nome: Jesus. O Espírito Santo, ao revelar-se, não assumiu um rosto humano. Não recebeu um nome. Espírito também o Pai e o Filho são. Santos ambos também o são. A teologia sempre encontrou dificuldade para atribuir um nome à terceira Pessoa da Trindade Santíssima. S.Agostinho, partindo do fato de que a terceira Pessoa da Trindade é o dom eterno do Pai ao Filho, atribui-lhe o nome de Dom. O Espírito Santo é pois Deus, que vem até nós, como presente, como Dom. É, na verdade, como observou um teólogo anglicano, Dom de doação. Dom que produz em nós outros dons.

 Mas quem é o Espírito Santo? Jesus, em sua pedagogia de mestre, usou diversos símbolos para mostrar quem é Ele. Jesus comparou o Espírito Santo ao vento(cf.Jo 3, 8). Ninguém vê o vento. Mas ninguém duvida que o vento existe por causa dos efeitos que ele provoca. O vento refresca os nossos corpos. Sacode os galhos das árvores. Move embarcações. Sabemos que o Espírito Santo existe por causa dos efeitos que provoca em nossa vida. Jesus o comparou também com a água. A água é fonte de vida. Sem água não existe vida para as plantas, para os animais, para os seres humanos. Sem água, a terra se transformaria num deserto. A água viva, que Jesus prometeu à Samaritana(cf.4, 10), designa o Espírito Santo e também o dom da fé na pessoa de Jesus, que só é possível pela ação do mesmo Espírito. O autor do quarto evangelho nos mostra Jesus presente, em Jerusalém, por ocasião da festa das tendas. E, no dia mais solene da festa, ele se coloca na porta principal do templo e exclama solenemente: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, de seu seio jorrarão rios de água viva”(Jo 7, 37-38). E o evangelista teólogo observa: “Ele falava do Espírito que deviam receber os que nele cressem; pois não havia ainda Espírito” (Jo 7, 39), ou seja, o Espírito ainda não havia sido dado. Também a água que jorrou do coração de Jesus, aberto, na cruz, pela lança do soldado (cf.Jo 19, 33), é um símbolo do dom do Espírito. O Espírito Santo é pois semelhante à água. É ele que nos comunica a vida que vem do alto: “Quem não nasce da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus” (Jo 3, 5).


 
2.  Jesus Cristo, um evento do Espírito Santo.   
                                                          
         Jesus de Nazaré é um evento do Espírito Santo. Ele foi concebido pela ação do  Espírito (cf.Lc 1,35). Cresceu cheio de graça e verdade ( cf. Lc 2, 52), isto é, pleno do Espírito Santo. Segundo o quarto evangelho, ele possuía o Espírito sem medida (cf.Jo, 16, 14). No batismo, o Espírito Santo posou sobre ele para revesti-lo de sua messianidade (cf Lc 3, 22). A força para cumprir a sua missão não provinha do cargo, mas da presença do Espírito. Impelido pelo Espírito, ele se dirigiu ao deserto a fim de preparar-se, num retiro de quarenta dias, para iniciar a sua missão. No deserto, observa S. Lucas, ele era conduzido pelo Espírito. Na força do Espírito, venceu todas as tentações que procuravam desviá-lo de sua missão de Messias redentor (cf Lc 4, 1-13). Impelido pelo Espírito, voltou a Nazaré, para iniciar, na sinagoga de sua cidade, a sua missão. Ali anuncia o cumprimento da profecia messiânica: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para evangelizar os pobres” (Lc 4, 18). Tudo o que se realizou, naquele dia, na sinagoga de Nazaré, foi uma síntese de toda a vida de Jesus. Na força do Espírito, ele não só prega a Palavra, mas também realiza seus prodígios. Afirma o quarto evangelho que, ao transformar a água em vinho novo nas bodas de Cana, ele manifestou a sua glória (cf. Jo 2, 11), ou seja, manifestou o Espírito agindo nele. O evangelho afirma que de Jesus saía uma força que curava a todos. Tratava-se do Espírito Santo nele presente e que dele saía para operar ao seu redor.  É, pela força do Espírito, que ele expulsa os demônios( cf. Mt, 12, 28 ). Na alegria do Espírito, orou para agradecer ao Pai o sucesso da missão dos discípulos (cf. Lc 10, 21-22).Movido por um Espírito eterno, segundo a carta aos Hebreus, ele entregou a sua vida na cruz (cf.Hb 9,14). Mas, antes de morrer, entrega o Espírito à sua comunidade, representada ao pé da cruz (cf. Jo 19, 30).  E a missão terrestre de Jesus só termina com o envio do Espírito Santo em Pentecostes.

3. A Missão do Filho e a missão do Espírito.

 
           A missão do Filho e a missão do Espírito são diferentes. O Filho age enquanto Verbo encarnado. O Espírito Santo age de modo diferente, pois ele não se encarnou. Ambas as missões porém são complementares e iguais em dignidade e valor.

          O Espírito é o intérprete de Cristo. Ele não diz novas Palavras, mas torna sempre nova a Palavra de Cristo. Faz com que sua Palavra seja compreendida, interiorizada e obedecida. Faz com que sua Palavra se torne história. Missão do Espírito ainda é fazer com que todas as pessoas se tornem discípulas de Cristo e vivam em comunhão com Ele. “Ninguém pode dizer, escreve São Paulo, Jesus é o Senhor a não ser no Espírito”( 1Cor 12,3).Dizer Jesus é o Senhor não consiste apenas realizar a profissão fundamental da fé. Significa fazer de Jesus o Senhor de nossa vida.  Entregar a Ele a nossa vida. Fazer com que ele governe a nossa vida, os nossos pensamentos, sentimentos, a nossa conduta, os nossos projetos.

 
       4.  A Igreja: Corpo de Cristo e Templo do Espírito Santo.

 
A Lumen Gentium, seguindo a tradição patrística, mostra que a Igreja tem uma longa história. Ela é componente do projeto salvífico de Deus e, por isso mesmo, esteve em processo de gestação em toda a história da salvação. Foi prefigurada desde o início da criação. Foi preparada na história de Israel. Foi fundada nos últimos tempos. Foi manifestada ao mundo no dia de Pentecostes( cf.LG, n.2). Examinemos o sentido de cada uma dessas afirmações. A Igreja foi prefigurada desde o início da criação naquelas alianças que Deus realizou com representantes da humanidade como, por exemplo, Abel e Noé. Dessas alianças surgiram verdadeiras experiências religiosas. Algo dessas experiências –a adoração de Deus, a busca da salvação- passou para a Igreja de Jesus Cristo.

A Igreja, continua o texto da Lumen Gentium, foi preparada na história do Povo de Israel. Do antigo Israel a Igreja herdou as Escrituras do Antigo Testamento. Eram as únicas Escrituras que a comunidade apostólica possuía. Ela tornou-se mestra em fazer a leitura cristológica do Antigo Testamento. Muita coisa da liturgia da sinagoga passou para a Igreja de Jesus Cristo.

A Igreja foi fundada nos últimos tempos, ou seja, no tempo do Jesus histórico e no tempo do Cristo pascal. Durante o seu ministério público, Jesus colocou diversos atos fundantes da Igreja: a escolha dos Doze, a oração dominical ensinada aos discípulos, a missão conferida a Pedro de ser o fundamento visível da sua comunidade messiânica e, sobretudo, a instituição da Eucaristia, na qual, o cordeiro pascal foi substituído por seu próprio corpo e o cálice da antiga aliança pelo cálice da nova aliança no seu sangue. Assim como Israel tornou-se o Povo de Deus a partir da antiga aliança no Sinai, Jesus, ao celebrar na Ceia uma nova aliança, deu origem ao novo Povo de Deus. Ato fundante da Igreja foi também a experiência pascal. A Igreja faz parte da novidade que a ressurreição do Senhor provocou na história. Desde que houve um grupo de homens e mulheres, que acreditou na ressurreição de Jesus, temos algo completamente novo com relação ao antigo Israel.

A Igreja porém só acabou de nascer, só foi inaugurada e mostrada ao mundo no dia de Pentecostes, quando a comunidade dos discípulos de Jesus, recebendo o dom do Espírito Santo, se transformou em movimento missionário. Sem o dom do Espírito Santo, a Igreja não existiria. A Igreja é, ao mesmo tempo, o corpo de Cristo e o templo do Espírito Santo. É o que nos mostra o livro dos Atos dos Apóstolos. Lucas narra não apenas um Pentecostes, mas quatro Pentecostes sucessivos: o Pentecostes da inauguração da Igreja (cf. At, 2, 1-12); o Pentecostes da Igreja de Jerusalém ( cf. At 4, 31); o Pentecostes da entrada dos gentios na Igreja (cf. At 11,15) ; e o Pentecostes da Igreja de Éfeso( cf.At 19, 1-6). Com a narração destes quatro Pentecostes, Lucas mostra que o dom do Espírito Santo acontece em toda a vida da Igreja.A Igreja não nasce de baixo. Nasce do alto. Ela é graça. É dom do Espírito Santo. A Igreja não existe sem o Espírito Santo. Quando a comunidade envia Paulo e Barnabé em missão, diz o livro dos Atos que eles foram enviados pelo Espírito Santo (cf.At 13,2). Quando Ananias e Safira mentem à comunidade e são castigados de morte, afirma o livro dos Atos que eles mentiram ao Espírito Santo ( cf.At.5,3) . Mentir pois à Igreja é mentir ao Espírito Santo. A assembléia dos Apóstolos, chamada de primeiro concílio, termina com essas palavras: pareceu bem ao Espírito Santo e a nós determinar o seguinte... (cf. At 15,28).Quando a Igreja determina é o Espírito Santo quem determina.

A Igreja, que nasceu católica em Pentecostes, porque nasceu missionária, é levada, através da missão, às diversas partes do mundo. Por isso mesmo, a missão é a mais importante causa da Igreja. É a causa das causas, porque está ligada ao projeto salvífico de Deus. Segundo o decreto Ad Gentes do Vaticano II, a missão é a expressão do desígnio salvífico de Deus. É a realização pública da história da salvação. Já no Antigo Testamento, está presente a missão. A escolha de Israel para tornar-se o Povo de Deus não foi um privilégio, mas uma vocação, um chamado para ser povo missionário. Segundo uma lenda rabínica, no Sinai, a voz de Deus se fez ouvir. Essa voz se dividiu em sete vozes e, em seguida, em setenta vozes. No tempo da revelação no Sinai, pensava-se que os povos da terra fossem em número de setenta. No Sinai, pois, Israel se torna depositário da revelação de Deus a fim de anunciá-la a todos os povos da terra. Torna-se pois um povo missionário.

No Novo Testamento, a primeira coisa que faz Jesus, quando inicia o seu ministério na Galileia, é reunir discípulos. Jesus não é missionário sozinho, mas junto com seus discípulos. No tempo de Jesus, também os rabis tinham discípulos: pessoas que os procuravam para servi-los e aprender as lições da Torá. Ser discípulo de um rabí era sinal de prestígio social. Jesus também tinha discípulos mas em condições totalmente diferentes. Era Jesus quem chamava os seus discípulos. Ser discípulo era uma vocação. Jesus tinha discípulos não para servi-lo, mas para prepará-los para a missão. Preparação teórica e prática. Aos Doze, como mostra o evangelho, Jesus dava instruções especiais. A preparação era também prática. No evangelho de Mateus, Jesus envia os Doze em missão( cf.Mt.10, 1-17). No evangelho de Lucas, envia setenta e dois discípulos em missão( cf. Lc 10, 1-16). No tempo em que Lucas escreveu o evangelho, julgava-se que os povos da terra fossem em número de setenta ou setenta em dois. Lucas quer sublinhar, com esse número, o universalismo do evangelho: deve ser anunciado a todos os povos da terra. Os evangelhos terminam com Jesus enviando os discípulos em missão. Ele vai para o céu, mas a missão não termina. Deve ser continuada pela Igreja, comunidade de seus discípulos.

Sem o dom do Espírito Santo, não existe a missão. O Espírito Santo move, como aconteceu em Pentecostes, os pés do missionário. Segundo o decreto Ad Gentes, o Espírito desperta, nas pessoas, o espírito missionário como despertou em Jesus. Ele dirige toda a atividade missionária da Igreja. Na realidade, ele é o primeiro missionário, aquele que chega antes de todos para preparar o terreno. Por isso mesmo, a missão não é uma superestrutura acrescentada à cultura e à vida de um povo. Ela é resposta a uma busca. Consiste em lançar a semente da Palavra no terreno preparado pelo Espírito Santo. A finalidade da missão é suscitar, pela ação do Espírito, as Igrejas locais, destinadas a continuar a obra missionária de Jesus. Pela atividade missionária, a Igreja que nasceu em Pentecostes pela ação do Espírito, renasce em todas as partes do mundo.

Atualmente, está havendo na Igreja, pela ação do Espírito, um novo despertar da consciência missionária. Expressão desse novo despertar, em âmbito nacional, é o projeto elaborado pela CNBB: Queremos ver Jesus, caminho, verdade e vida. Expressão desse  novo despertar da consciência missionária, em âmbito de Regional Sul 1, é o Pamp, Projeto de Ação missionária permanente. Hoje, na civilização urbana, a paróquia, como comunidade acolhedora , já não atinge a todos. Para que ela possa atingir a todos, é necessário que ela se torne comunidade missionária, comunidade que sai ao encontro das pessoas nos diversos espaços sociais: a família, a escola, os hospitais, as prisões, as ruas etc.

Fazer da paróquia urbana uma comunidade missionária não é fácil, pois a missão sempre enfrenta obstáculos como nos mostra a primeira história da missão – o Livro dos Atos dos Apóstolos. Nas origens, a missão enfrentou o obstáculo da perseguição, da magia, da idolatria, da longas distâncias a serem enfrentadas com meios rudimentares. Hoje, ela enfrenta os obstáculos do secularismo, do consumismo, da idolatria do mercado, do hedonismo. Na encíclica Redemptoris Missio, João Paulo II recorda que os maiores e os mais difíceis obstáculos se encontram no interior da Igreja:  acomodação,  passividade,  falta de idealismo e de iniciativas. Mas, como nos mostra o Livro dos Atos, a missão vence, na força do Espírito, todos os obstáculos. O Espírito, que transformou, em Pentecostes, a comunidade dos discípulos de Jesus em movimento missionário, garante o sucesso da missão. Mas, o sucesso da missão não é a recompensa do missionário. O sucesso não deve ser atribuído a ele, mas ao Espírito divino. Qual é pois a recompensa do missionário? A resposta foi dada por Jesus. Quando os setenta e dois discípulos, por ele enviados, voltaram cheios de alegria pois a missão tinha sido um sucesso, Jesus recordou-lhes que a recompensa do missionário não é o sucesso. Sua recompensa é ter o nome escrito no céu pelo dedo de Deus.

                                                                              Dom Benedito Beni dos Santos


RESUMO DO ESTUDO DO CONGRESSO DA PARAÍBA


REGIONAL DE MANAUS



Estudo “Eu sou a videira e vocês os ramos: MC – Obra de Luz, Sabedoria e Conselho de Deus”



1)      Por que o Congresso 2003, anunciado para João Pessoa, passou a ser realizado na Aldeia de São Miguel, na Baía da Traição?



Porque o Senhor convidou o MC a entrar em contato com a realidade indígena, a fim de:

·         Buscar uma relação fraterna com as pessoas de todas as classes, sem preconceitos, pois o MC precisa ser luz em todos os lugares que necessitam de Deus e precisam ter esperança na volta de Jesus;

·         Mostrar que somos todos irmãos e, portanto, devemos viver na unidade, mesmo que hajam diferenças sociais e culturais, pois todos os ramos (pessoas) são parte da mesma videira (Jesus). Assim, devemos nos esforçar para criar uma sociedade mais justa, fundada na comunhão e participação, para que ninguém se sinta marginalizado, injustiçado e excluído;

·         Realizar a vontade de Deus de a Igreja ajudar na reanimação da fé desse povo excluído e marginalizado pela sociedade, reavivando a importância do seu modo de vida e tradição deixados por seus antepassados. Assim, O MC pode ajudar a construir no Brasil uma nova história, onde o acesso à vida digna seja um direito de todos.



2)      Por que dizer que o MC é Obra de Deus? Quais fatos confirmam isto?



Porque o MC surgiu de um plano de Deus, como uma dádiva de amor para despertar o interesse, a abertura e a acolhida dos carismas que surgem em nosso tempo, no meio do povo e dentro das diferentes culturas. Os sinais mais visíveis que confirmam a origem dessa Obra foram os milagres realizados, a pedido do Pe. Espiritual de Franca: a confirmação da aparição de Nossa Senhora da Rosa Mística, em Fontanelle (Itália), e a cura da mesma, de um tumor maligno na coluna, de forma inesperada.

Outros sinais são os fatos de que, sendo Ele mesmo quem conduz, participantes que se deixaram guiar permaneceram na Obra, e os que tentaram impor seus esquemas se afastaram; ainda o vencer das crises ao longo da trajetória do MC, que ocorreram à medida que os participantes deixaram-se conduzir como simples colaboradores.


3)      Explicar porquê o MC não é mais um entre os Movimentos Eclesiais que surgem na Igreja de hoje.


Porque o MC deve ser uma dimensão da Igreja a ser redescoberta e assimilada: a dimensão carismática, pois é necessário que a Igreja se reconheça fundada sobre os apóstolos (dimensão hierárquica) e sobre os profetas (dimensão carismática). Deus sempre falou através dos profetas, portanto, o MC surge como um movimento despertado pelo Senhor para recuperar na sua Igreja a dimensão carismática, hoje esquecida e relegada a segundo plano.



4)      Para ser Obra de Luz, o que deve fazer o MC?



O MC, como movimento restaurador dos carismas que implantam o reino de Deus no mundo, deve ser luz que resplandeça nas trevas do ódio, que desmascare as mentiras e as injustiças do mundo, para que assim o amor reine nos corações e na vida das pessoas e Jesus possa encontrar fé sobre a terra quando da sua volta.

O MC, portanto, deve atuar como uma obra a serviço do amor à verdade e à justiça, praticando-as em comunhão com os atos de fé vivenciados no cotidiano da Igreja (conhecimentos de fé, as verdades sobre Deus e a Humanidade, as celebrações e os cultos), fazendo-as triunfar no mundo. Parte desse esquema é a fuga da mentira e o desapego material e pessoal que fariam seus membros compartilhar com as injustiças praticadas na sociedade.

Entretanto, o MC não deve criar obras novas, mais somar com outros grupos, com forças da sociedade que buscam a paz ou com as pastorais da Igreja que promovem e defendem o amor à verdade e à justiça. Finalmente, cabe ao MC expressamente, manter viva a fé em Jesus Salvador, que é o sustento dessas obras.



5)      Relatar fatos ocorridos aos nossos irmãos índios, que são frutos de quem não ama a luz e sim a mentira e a injustiça.



Desde a colonização os índios foram vítimas da cobiça e ganância das autoridades e exploradores, do desrespeito, omissão e outros crimes impunes cometidas contra eles. Ainda hoje são expulsos de seus territórios, proibidos na vivência de seus costumes, escravizados e discriminados. Dentre os fatos mais conhecidos, que são relacionados aos índios Pataxó e que chocaram o Brasil foram:

  • Expulsão de sua área Caramuru-Catarina-Paraguassu (BA);
  • Diminuição da terra de 54.100 há para 3.269;
  • Perda de sua língua e com isso a impossibilidade de realizar seus rituais;
  • Assassinato dos líderes João Cravim em 1988, numa emboscada
  • Assassinato de seu irmão em 1997, também líder, Galdino Jesus dos Santos, queimado enquanto dormia numa parada de ônibus;
  • Morosidade da Justiça na demarcação de suas terras, que continuam a gerar mais violências.



6)      O Papa João Paulo II afirmou que os índios podem ser evangelizadores do nosso continente. Explicar essa afirmação.



Os índios podem nos oferecer seu exemplo de vida que, vista como uma evangelização, resgata o sentido profundo da vida contido nas culturas índias; uma cultura na qual o investimento nas pessoas e na sua educação não é para inseri-las no mercado de trabalho, mas para a igualdade e para a partilha. Os índios conseguem até hoje reproduzir uma sociedade igualitária, pois possuem uma economia que não visa lucro e sim “economia de reciprocidade”, que consiste em fazer circular os bens e produzir igualdades. Respeitam o tempo do descanso, através das festas após um dia de trabalho, e promovem o respeito à natureza e aos dons de Deus proporcionados por ela.



7)      Que diretrizes e conselhos o Espírito Santo inspira no meio dos índios e dos envolvidos na luta deles?



O CIMI representa o órgão que mais tem lutado a favor dos índios, realizando as inspirações que a Igreja recebeu do Espírito Santo em favor desses povos. Como parte de suas obras animadoras, são citados:

  • A revalorização da importância da luta espiritual, simbólica e ritual dos povos indígenas, procurando recuperar os seus valores e costumes;
  • A busca da solidariedade entre os povos indígenas, promovendo encontros entre povos e comunidades em vários níveis;
  • O reconhecimento da dignidade dos indígenas, fundamental para defendê-los diante dos demais;
  • O acolhimento da colaboração das igrejas e pessoas não indígenas no desenvolvimento intergral desses povos;
  • A purificação e enriquecimento da vida concreta da fé cristã, pelo testemunho mais claro do Evangelho, que tem como uma das suas tarefas a promoção humana integral dos povos indígenas.



8)      Quais são as três obras específicas que nascem da sabedoria de Deus e foram indicadas à Franca, das quais o MC é a primeira?



As três Obras são:

  • A luz que vence as trevas, representada pelo MC;
  • O amor que vence o ódio, na pessoa dos Místicos Esponsais;
  • O triunfo que vence a queda de Eva, levando a mulher e sua estirpe à dignidade para a qual foi criada, representada pela sua contribuição específica na Igreja: a vigilância sobre a Igreja e o maligno, a ser esmagado pela Mãe de Deus.



9)      O que devemos podar no MC?



Poda tudo aquilo que impede o MC de produzir frutos, de servir à Obra integralmente:

  • Os esquemas mentais dos membros e os programas de vida materialista, os desejos de ser importante e reconhecido pelo grupo, julgar que sempre tem algo mais importante para fazer ou falar, colocando o outro sempre em segundo plano e não saber acolher o que o outro fala para meditar depois;
  • Os reducionismos de parte: diante dos conflitos entre vida espiritual e terrena, conflitos nas diferentes maneiras de ver e proclamar Cristo (na Igreja e na sociedade), o MC oferece a guia e o discernimento dos sinais do tempo para que se superem as contraposições existentes hoje na Igreja.
  • O desequilíbrio: o MC ensina a viver os conflitos buscando o equilíbrio, discernindo entre o verdadeiro e o falso, a fim de que os novos carismas que o Senhor oferece à Igreja possam dar frutos de vida. Busca o equilíbrio dos santos, para que cada palavra dita ou calada, cada passo feito ou recusado, tudo seja na perfeita vontade de Deus.
  • A divisão entre fé e obras: uma fé sem obras não pode perdurar, assim como as obras sem a fé não têm êxito. Não existe vida plena sem a fé, e o MC tem como missão justamente preparar o rebanho para encontrar Cristo com uma fé verdadeira e concreta.
  • A separação entre a fé e a vida: o MC prepara o povo a uma fé granítica, ajudando-o a superar os conflitos. A integração entre a fé e a vida deve ser procurada por cada cristão, dentro de sua missão específica. Assim, o MC deve ajudar no discernimento dos carismas, de forma que os dons recebidos possam conduzir os destinatários a uma verdadeira mudança de vida, que levem ao crescimento humano e espiritual de vida pessoal, comunitária e social, refletidos em obras de vida.



10)  Qual missão do MC na Igreja e no mundo?



Para a Igreja: ser ponte entre os carismáticos e a hierarquia, a fim de ajudar a Igreja a superar as contraposições perigosas entre hierarquia e dons, fé e vida, fanatismo e indiferença diante dos carismas extraordinários que se manifestam entre nós, hoje, fruto do amor de Deus por nós.

Para o mundo: ser obra de luz, sabedoria e conselho de Deus no meio da sociedade, comprometendo-se em criar um mundo de amor, de verdade e justiça, animados pela esperança na volta de Jesus. Desse modo, deve preparar o povo para uma fé granítica, promovendo atividades de catequese, encontros de espiritualidade e jornadas de estudos que possam ajudar a redescobrir a própria fé em Jesus.

GRUPO CORAÇÃO CASTÍSSIMO DE SÃO JOSÉ / MC MANAUS