quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

III CONGRESSO DO MC DE ASSIS EM LAURO DE FREITAS




“Eis que faço novas todas as coisas”

Fundamentação Bíblica do Tema.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo

Bispo Auxiliar  de Salvador


    Antes de tudo, eu quero registrar a minha alegria de poder estar aqui com vocês, para um tempo de reflexão que certamente é muito gostoso, porque é a gente de novo, indo à fonte que é a palavra de Deus. A fonte que tudo inspira, a fonte que tudo sustenta neste caminho nosso; a história rumo à casa do Pai. Nesta alegria registrar também a minha comunhão, com este caminho que se procura fazer com seriedade em razão de uma amizade muito querida minha, com o Padre João Pedro, que tive a alegria de ter tido como meu diretor espiritual, quando lá em Roma morava no Pio brasileiro, no tempo de estudos. Posso dizer que o seu jeito acolhedor, fraterno, que até mais que Jesuíta parece Franciscano. Embora tenha um jeito Jesuíta na procura das coisas, no esforço de fazê-las bem, com um jeito Franciscano de ser fraterno, isto é bom é boa síntese. Isso certamente, é a riqueza do Padre João Pedro, que me convidou para refletirmos esse texto do livro do Apocalipse de São João  21,5 com uma  fundamentação Bíblica, do que este Congresso se propõe aprofundar, diante do desafio grande e importante que o Movimento Carismático de Assis se põe. Eu quero antes de aprofundar Biblicamente no tema, eu quero colocar três pressupostos; O primeiro e o segundo são mais sintéticos. O segundo um pouquinho mais desenvolvido, mais também rápido para que possamos ir ao texto “Eis que faço novas todas as coisas.”

 O primeiro pressuposto é lendo os objetivos do Movimento Carismático de Assis; o objetivo que se refere à Sagrada Escritura, dizendo: sempre encontramos referência bíblicas nos conteúdos indicados por mensagens, locuções e visões. Este fato é importante por que permite fundamentar na Sagrada Escritura os carismas que se apresentam para o discernimento. Para o carismático e os divulgadores de mensagens é importante a fundamentação Bíblica de tais coisas. O mais importante, porém, é viver a palavra de Deus amando-a e pondo-a em prática. Muitos são os apelos para que a palavra de Deus seja valorizada em nossa vida e celebrada também com uma festa toda especial. É a palavra da vida e a palavra que é luz, é a palavra que se cumpre. Por isso, deve ser acreditada por todos. E aí um pequeno trecho de uma pequena locução, “Filha, escreve: amai as palavras do Senhor, estudai-as, imprimi-as bem no coração e na mente. Aderi a elas não por uma hora, mais para sempre. Colocai ordem moral em vossos ambientes onde viveis, porque será pedido a quem podia com sua autoridade introduzir-me e não o fez no meio familiar, na comunidade ou na Hierarquia”. Portanto, acentuando a importância de neste caminho olharmos a palavra de Deus.

A segunda questão que coloco introdutória é uma palavra do Papa João Paulo II na audiência geral de 24 de junho de 1992, quando ele assim diz: “O desenvolvimento do coração Eclesial não depende unicamente da instituição dos ministérios e dos sacramentos. Mas é promovido também, por inesperados e livres dons do Espírito que opera também mais além de todos os canais estabelecidos.” 

E a terceira questão: é olhando mais globalmente o que nós estamos vivendo como Igreja e como mundo. Num momento de passagem e de profundas transformações, é a questão da fé. A questão séria e importante da fé. Estamos num momento em que a Teologia enquanto ciência, a evangelização enquanto caminho, que se faz e a vida pessoal de cada um de nós, o desafio de repensar a fé; repensar a fé, não apenas enquanto discutimos a teoria da fé. A teoria da fé naturalmente, que precisa ser aprofundada, aprendida, precisa ser sabida, mas, sobretudo a dimensão da fé enquanto colocada para nós como o caminho que se faz na direção do principio que é Deus. Quando digo isto, estou querendo dizer, que podemos correr o risco e este certamente é um grande desafio do nosso tempo, de dar ou de considerar o fundamento da fé, o alicerce da fé por descontado. Quero dizer, portanto, o caminho que fazemos, os projetos que realizamos, as considerações que nós temos sobre o mundo e sobre a vida, já dão por descontado o fundamento da fé. E aí, o risco grande de perdas sérias na Teologia, na evangelização e na vida pessoal da inspiração permanente, porque se perde a dinâmica de se fazer o trajeto de sempre voltar à fonte e nela beber. Talvez com isso quero dizer, por isso mesmo, se perde tanto da força interior, da experiência, da escuta profunda de Deus que nos interpela. Digo este pressuposto, para dizer que estamos num momento em que o discernimento, a abertura de coração e a escuta de Deus, pede de nós enquanto povo, enquanto cada filho e cada filha, enquanto estudiosos, Teólogos, enquanto pastores e evangelizadores, o esforço sob a  monção do Espírito Santo de fazermos o caminho de ir para frente, mas de sem voltar atrás, permanentemente estar indo ao encontro da fonte para gente se inspirar, a fim de que a gente não perca riquezas fundamentais das interpelações que Deus está nos fazendo hoje.

Na prática, o que quero dizer é que o esforço, a tentativa deste Congresso, compreendo como um exercício enquanto se esclarece muita coisa pela razão, sobretudo pela fé, se aprende a dinâmica de ir cada vez mais na fonte, ir na direção do princípio, porque assim estaremos em contatos abertos e destinatários seremos, do que esta fonte inesgotável tem e pode nos inspirar como direção no caminho que nós precisamos continuar a fazer. Lembradas estas três coisas, da importância da Sagrada Escritura, da reflexão do Papa, que portanto, mostra uma riqueza fundamental do nosso caminho, para além dos ministérios instituídos e dos Sacramentos. Portanto, nos pedindo uma abertura profunda de coração e esta exigência atual de um exercício, de uma vivência da fé como dinâmica permanentemente aprendida em que enquanto continuamos no caminho, estamos permanentemente nos retornando e nos voltando para o princípio que é Deus, para que ele nos inspire. Quero então, neste horizonte considerar esta palavra do Senhor que é o tema deste Congresso.

Proclamo agora, o texto que é o Ap. 21,5  no seu contexto: “Vi então um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram e o mar já não existe. Vi também a cidade santa a nova Jerusalém descendo do céu, de junto de Deus, vestida qual noiva enfeitada para o seu esposo; então ouvi uma voz forte que saía do trono e dizia: Esta é a morada de Deus com os homens, ele vai morar junto deles, eles serão o seu povo e o próprio Deus com eles, será seu Deus. Ele enxugará toda lágrima de seus olhos, a morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem grito, nem dor, porque as coisas anteriores passaram. Aquele que está sentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas.” Depois Ele me disse: Escreve pois, estas palavras são dignas de fé e verdadeiras. E ainda disse: “Está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim. A quem tiver sede eu darei de graça da fonte de água vivificante. Esta será a herança do vencedor e eu serei seu Deus e ele será meu filho”. Palavra do Senhor. Para compreendermos  melhor ao menos um pouquinho da riqueza deste texto antes de tudo, alguns passos: Esse texto está Ap. 21, 5 . Mas, o livro do Apocalipse são 22 capítulos, é quase pois no final do livro; por isso, quero de uma maneira bem simples ajudar a vocês, embora vejo que não tenham o texto Bíblico na mão, que é um pequenino pecado que nós os católicos sempre cometemos, porque não temos o texto sempre na mão e seria muito bom para ajudar. Mas eu vou tentar ajudar vocês, a ter uma visão do conjunto, sobretudo porque a compreensão de um texto Bíblico, como este Ap. 21,5  não pode ser apenas tirado, como se fosse algo independente sem ser compreendido no conjunto. Isto vale para gente entender, para se compreender uma pessoa; ninguém consegue compreender bem uma pessoa, se não a compreende no seu contexto, na sua história, no que está vivendo.

Pois bem, quero então falar do conjunto do livro do Apocalipse, para chegarmos a compreender a força deste texto do Ap 21, 5. Primeiro, talvez vocês até possam anotar para depois conferir um pouco no texto Bíblico. Logo no inicio do Ap.1,1-3, é a introdução que fala, do que é este livro; o livro último do Novo Testamento, mas de uma força e de um significado muito especial. Apesar do desafio que ele sempre traz, pela linguagem que usa, pelo modo como fala. E estes três primeiros versículos,Ap.1,1-3, fala do que se trata. É uma revelação; e uma revelação de Jesus Cristo confiada aos seus servos, daquilo que deve acontecer em breve. É a palavra de Deus, é Deus falando em revelação aos seus servos. E aí diz: “Bem aventurados, felizes aqueles que lê, aqueles que escutam as palavras desta profecia”. Portanto, os três primeiros versículos nos recordam que o Apocalipse trata-se de uma revelação, de uma profecia de Deus que fala no mais profundo dos seus servos, e ao dizer, aquele que lê e aqueles que escutam, recorda que se trata de algo para uma assembléia.  Quando tem alguém que lê, como eu acabei de ler o texto de 21, 1 a 6 e vocês escutaram, é uma assembléia que escuta e esta palavra é de alguém que escuta a palavra de Deus e comunica a assembléia. E essa indicação imediatamente recorda que todo livro do Apocalipse, é uma grande liturgia. Uma grande liturgia em que o povo celebra e nós sabemos que é verdade.

O momento mais forte para nós de experimentarmos o mistério de Deus, colocando-nos a escuta, estabelecendo como indivíduos e como comunidade uma profunda ligação; é o momento da celebração da Eucaristia. É, pois, uma grande celebração; é pois um momento profundamente litúrgico que nós somos chamados a essa abertura. Deus fala, a gente escuta e cria coragem de praticar como é a recomendação. Os versículos 4-8 deste Evangelho, é o diálogo litúrgico da assembléia que é convidada e até começa de uma maneira muito parecida com as nossas celebrações. A vós, graça e paz da parte daquele que é, que era e que vem; e da parte dos sete Espíritos que estão juntos do trono de Deus; e da parte de Jesus Cristo a testemunha fiel, o primogênito dente os mortos, o soberano dos reis da terra. E assim a comunidade saudada, responde também, como que abrindo o fundo do seu coração para estar em ligação com o mistério de Deus e escutar o que Ele diz, porque Ele sempre tem a dizer. Depois finalizando este capítulo primeiro, os versículos de 9-20. Ë João, o irmão e companheiro de tribulação no Reino e na constância em Jesus lá na ilha de Pátmos, tem uma visão, João tem uma visão. Aí o Apocalipse no desenvolvimento literário, vai usar uma linguagem muito própria, com um jeito muito próprio de falar, sobretudo carregado de simbologias que exige de nós. Por isso, o aprofundamento para compreender o que de fato, se quer falar em profundidade. O que Deus fala a João, o que  vê, não apenas vê simplesmente; os olhos constatam figuras, imagens, cores, mas enquanto ele experiência muito mas. Pode ser que muitos estejam me vendo, mas não estejam acompanhando o que estou dizendo. Eu espero que isto não esteja acontecendo. Alguém pode estar me vendo e dizendo aquela corrente, o que tem pendurado? Aí eu logo, é a cruz. Depois irá contar quantos botões tem no meu paletó; está me vendo, mas o interesse meu maior é de que não simplesmente me vejam e constatem dados a meu respeito, mas que eu possa ajudar a quem está aqui, a fazer um caminho de modo a compreender, experimentando mais profundamente o que significa esta palavra de Deus: “Eis que faço novas todas as coisas”.

O Ap.1,9-20 é João, nesta linguagem simbólica, por isso muito rica, sabemos disso. Vendo o mistério profundo de Deus, com esses olhos novos, vendo a história. Tudo isso, na riqueza de uma simbologia muito grande. Alguém poderia fazer um grande discurso sobre o querer bem a outra pessoa e pode resumir dizendo: Você é uma flor. E aí a gente pode destrinchar esta expressão na simbologia do que ela significa em riquezas imensas, para explicitar o querer bem de alguém, em relação ao outro. João vê, e sua visão engloba a partir do Ap.1-22. Portanto, estamos olhando no Ap.1, a experiência de ver em profundidade lá dentro do coração de Deus, de um Deus que nos fala e que a partir desta visão, com olhos diferentes nós olhamos a história também. Para isto, a lembrança que fiz agora a pouco do contexto litúrgico, mostra-nos que para isto é preciso, estar com o coração aberto, exercitar-se numa profunda sintonia com o coração de Deus pela ação do Espírito Santo. E agora, tendo portanto esta visão eu congrego em três blocos o resto do livro: O capítulo primeiro que nos situa como se nos chamasse para um lugar alto e nos mostrasse um grande horizonte, e neste horizonte, três blocos que vão nos ajudar a compreender o livro do Apocalipse.

O primeiro bloco do Ap. 2-3; nestes capítulos 2 e 3 nós encontramos sete cartas escritas às sete igrejas. Uma riqueza imensa, porque as cartas são muito bem organizadas do mesmo jeito do principio ao final. O que muda é a realidade de cada Igreja e o que Deus tem a falar para cada Igreja. É quando a gente lê, como nós já lemos algumas vezes no Ap. 2-3, compreendemos que este bloco tem um grande objetivo: Deus convida às Igrejas todas, a  uma experiência de purificação. È preciso se purificar. Por isso, quando Deus fala, Ele aponta na vida de cada  Igreja o que vale para cada membro, lá na sua interioridade o que é preciso ser  repassado e transformado. E esse bloco do Ap. 2-3, nas sete cartas, nas sete Igrejas  do bloco penitencial. A Igreja que escutando a Deus, toma consciência de si, descobre e aceita as suas faltas e muitas delas vão e quase concretamente na direção do existencial.

          O terceiro pressuposto recordo agora, de que falei neste momento da história, que é a fé, a fé não  apenas enquanto vamos caminhando e fazendo muitas coisas em nome da fé, mas a fé como experiência que nos faz voltar à fonte para beber. Certamente neste momento é uma recomendação de Deus, de que a nossa Igreja, nós precisamos nos revitalizar na fé, não apenas enquanto nós só aprendemos conteúdos que são importantes e necessários, mas sobretudo enquanto nós nos exercitamos no ato humilde, confiante e simples de sempre nos referirmos a Deus, como única  referencia insubstituível.  E a Igreja então é chamada a se purificar, a tomar consciência, quem sou? Será que estou de fato no caminho certo? Será que não estou vivendo uma vida meio indiferente? Será que não preciso reassumir compromissos fundamentais, deixados de lado? E assim quando a gente vai repassando carta por carta, vamos descobrindo a riqueza do caminho que a Igreja que se abre à palavra de Deus, toma consciência de si, e se purifica. Tudo isso por quê? Porque uma Igreja que não toma consciência de si, e que não purifica-se, que não faz um caminho penitencial, não consegue. E  o Apocalipse vai mostrar, como viver um caminho de um autêntico discernimento. 

         A Igreja, se purifica para discernir a sua hora. Discernir a sua hora em função de quê? Para quando? E aí, vem os  outros dois blocos: O primeiro que quero focalizar é o que vem na ordem dos capítulos: É o bloco que inclui Ap. 4-11. Nestes capítulos, a descrição de tudo é na esfera celeste, é na transcendência, é a especialidade do olhar do coração e da fé,  para o mistério de Deus. É o apontar o rumo de como  é que  agente vê, o invisível e para dizer que nós, olhando para nós Ap. 2,3 e nos purificando, é para agente poder ver aquilo que não se vê. Isto é a fé . Fé é a gente  poder ver,  o que não se vê. Isto é a fé. É a gente pode possuir  já, o que ainda não chegou. E então, a descrição Ap. 4-11 de uma maneira simbólica,  uma linguagem que as vezes nos dificulta a compreender  do que estamos falando. Alguns até pensam,  que estão falando de uma coisa que não tem nada a ver, mas fala do Pai que sempre aparece  sentado no trono, descreve o trono de uma maneira belíssima. Não vou passar esses detalhes, porque o tempo é curto mas, descreve Deus Pai o todo poderoso, o que sabe tudo, aquele que comanda a história, que é o mesmo que Ap. 21, está sentado no trono e que diz:  “Eis que faço novas, todas as coisas.” Fala dele este todo poderoso, que é o Pai  do Filho que por obediência a Ele se torna o cordeiro imolado e aparece o cordeiro imolado, uma figura belíssima e aí, se constrói uma compreensão de Cristo o Filho de Deus.

         O  Cordeiro Imolado, é uma construção tão bonita que os estudiosos chegam a dizer que o estudo sobre Cristo, que é a “Cristologia”  do livro do Apocalipse é certamente a mais rica  do Novo Testamento todo, mais rica até do que a Cristologia dos quatro  Evangelhos, dita e explicitada na beleza da linguagem simbólica e ação do Espírito Santo. Tudo se dá na transcendência e é exatamente o grande segredo do nosso caminho, estamos aqui, com o pé no chão, caminhando nessa história, mas com o desafio de estar com os olhos  da fé, conseguindo ver o coração de Deus, o que é invisível. E de fato, a purificação, a experiência penitencial da gente se torna completamente diferente, porque eu olho para mim, com a luz como esta me focalizando aqui.  Que é  a  luz da visão que eu tenho do mistério  escondido de Deus. E aí eu vou ver coisas, que eu não posso ver apenas   com o meu esforço penitencial. Olhando para mim, olhando para a história, mas eu vou poder ver detalhes com os meus olhos, com os olhos da minha fé, mas com a força que vem da luz, em razão do percurso que eu faço por dentro do mistério de Deus. E que aí, qualifica o meu olhar de fé e me faz ver em mim mesmo, detalhes  na história e no rumo da vida, detalhes e indicações que por mim mesmo jamais, mas pela luz que vem de Deus é possível. 

       O bloco terceiro: que é aonde está este texto: “Eis que faço novas todas as coisas.” È o bloco que começa do Ap.12-22,5 porque 22,6 até o final é como no início, o diálogo que encerra  a celebração litúrgica  experiencial de um povo a caminho, a procura do rosto de Deus. É nesse bloco terceiro e último do Ap.12-22, também simbolicamente  com muitos detalhes, vou lembrar agora mesmo, de um que  agente já conhece, mostra a história. Esta história que estamos dentro dela, a vida  concreta,  os rumos  às vezes meios loucos que as coisas tomam, tanta coisas que acontecem e que nos deixam  perplexos  sem compreender. Nós conhecemos o texto de abertura deste bloco,  porque lemos em algumas festas  de Nossa Senhora, sobretudo em  Nossa Senhora Aparecida, que é o texto do   Ap.12, quando fala da Mulher vestida de sol, tendo uma coroa de 12 estrelas na cabeça e a lua aos pés, a figura do dragão, a perseguição, o nascimento do Filho da Mulher, que estava grávida e que veio para reger com o cetro de ferro a história. E depois o Ap.13, para dizer de maneira simbólica da dinâmica do mal, que toma conta, que vai tomando conta mas da vitória, que está garantida pela força desta ação de Deus.

      Nos recorda, que nós todos Igrejas que se purifica, Ap. 2-3, é uma Igreja, Nós todos estamos passando e sofrendo esse rolo compressor da história, com dificuldades, com sofrimentos, com coisas terríveis e se vocês lêm agora com seus olhos, vão constatar na descrição, coisas que agente diz: simbolicamente está dizendo daquilo que agente ouve, como notícias na nossa história neste momento. Eu volto um pouquinho lá no contexto do bloco Ap.4-11, que é a esfera celeste, enquanto esta de Ap.12-22 é a esfera da história, lá naquela esfera para a gente compreender  melhor esta articulação em que o livro se organiza. Ha um momento em que João, está na visão deste Ap.1,9-20 é perguntado por um ancião: pergunta-se diante de uma multidão, que lá está na esfera celeste, na transcendência e pergunta a  ele: Quem são estes? E ele diz: Eu não sei. Tu Senhor é quem sabes quem são estes? Aí a resposta é muito bonita no Ap.7. “Estes vestidos de branco, com palmas na mão, portanto, dois símbolos: o branco que significa a transcendência, a palma significa vitória, esta multidão vestida de branco, com palma nas mãos, são aqueles que passaram pela grande tribulação lavaram e alvejaram as suas vestes no sangue do Cordeiro”. Essa expressão é muito bonita, é uma síntese profunda para dizer a Igreja: “nós todos no caminho da história temos que nos purificar aceitando, mais de cabeça erguida, passando pela grande tribulação que é o confronto nosso, com uma história que tem uma dinâmica profundamente marcada, por forças contrárias e pelo mal.” Somos nós movidos pela palavra, gente que tem no olhar uma luz diferente, porque busca já na transcendência, porque é possível pela fé, fazendo este caminho dentro da história, para depois modificando a história, retomando a história, dizendo para a história o que é que Deus está nos dizendo  que um dia  também,  seremos vitoriosos. Vestidos de branco com palmas na mão, fazendo parte desta grande multidão que vai se introduzir depois definitivamente no eterno de Deus. Portanto, nós que estamos aqui, somos esta Igreja que se purifica e que faz o caminho, nós temos que ter os olhos  pregados, voltados profundamente para o mistério de Deus. A fim da gente poder dizer deste mistério de Deus, no coração da história. Que é o jeito como nós podemos  enfrentar o grande desafio, desta grande tribulação e assim,  transformá-la e estabelecer definitivamente a vitória de Cristo. 

         E é dentro deste contexto que a gente vai caminhando, que está neste texto do Ap. 21, fazendo este caminho portanto, dentro da história no último bloco a que me referi 12-22. Nós somos chamados como João a ver, Ap. 21 que começa: “ Vi então, um Céu  Novo e uma Terra nova, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram e o mar já não existe.” Com os olhos voltados  para o mistério de Deus, embora com os pés dentro desta história e que é difícil, ele consegue  perceber e dizer para essa história, a sua verdade, o qual é o seu horizonte autêntico. “Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, descendo do céu de junto de Deus, vestida qual noiva enfeitada.” Olha, o simbolismo bonito da aliança que a história tem que fazer com o eterno de Deus, na medida em que nós os caminheiros e os peregrinos deste absoluto, traduzimos concretamente dizemos concretamente esse absoluto do contexto de Deus no contexto dessa história. E aí a voz que diz: “Esta é a morada de Deus.”  Portanto, o grande compromisso de fazer da história não o lugar da grande tribulação, mas o lugar da morada de Deus. O que só é possível na medida em que nós conseguimos ver o invisível,  do absoluto mistério de Deus.  Portanto, não será possível fazer da história, ao invés de  lugar  da grande tribulação, sofrimento, inveja , ódio, tudo isso, que a gente sabe e conhece que sofre na própria pele, apenas com a força da lógica pessoal. Eu agora encontrei e tenho aqui na minha maleta, o segredo para isto, quem quiser eu vendo este norral. Não, não é assim. Só será possível fazer desta história ao invés do lugar da grande tribulação, morada de Deus com os homens, onde eles todos serão o povo de Deus e Deus com eles, será o seu Deus. Enxugando todas as lágrimas dos olhos, onde a morte não mais vai existir, não terá mais luto e nem grito, nem dor, porque as coisas anteriores passaram, só é possível na medida em que aqui dentro desta história se dizer, se proclamar, se viver, aquilo que é o  próprio de uma luz que só vem de Deus. 

       E aí  a promessa do Ap.21,5:  “Eis que faço nova todas as coisas”,  chama-nos a um momento de profunda esperança na força da fé. Todas as coisas, é uma referência no contexto do livro do Apocalipse da criação. O jeito de falar coisas, é para dizer da criação, portanto, consequentemente da nossa história. “Todas as coisas eis que Eu faço”.  A criação é uma ação de intervenção, quando no livro do Apocalipse, o sujeito do verbo fazer, são os homens e as mulheres somos nós, refere-se sobretudo a nossa conduta. Estou me lembrando como exemplo no Ap.2, na carta á Igreja de Efésio. Quando diz: recorda-te, converte-te e faça as primeiras obras, não primeiras com sentido cronológico, do ano passado, dos outros anos mas as primeiras como  qualidade. Faça as obras primeiras, tenha um jeito de ser e de agir de qualidade. Portanto refere-se quando somos nós, o sujeito do verbo fazer a vossa conduta e a vossa conduta, agindo no mundo. É verdade, agente sabe disso, existencialmente  de uma maneira  muito direta. Quando a gente por exemplo, agente é bondoso com alguém, agente consegue produzir no fundo do coração de quem é o destinatário da nossa bondade, coisas muito bonitas.

     Imaginemos outras atitudes nossas, em todos os lugares e níveis, instâncias onde freqüentamos. E quando se trata de Deus como sujeito, desse fazer é a ação criadora e recriadora de Deus. Portanto “ Eu faço nova todas as coisas”. É Deus dizendo do lugar do seu poder, do lugar da sua ciência que tudo acompanha. Seria muito interessante se o tempo fosse suficiente para agente repassar a compreensão destas riquezas, no livro do Apocalipse. Mas fique este sentido profundo: É o Deus que é o todo poderoso, que renova a história a criação toda pelo seu poder. E o seu poder, realizado através de nós, na medida em que  nós nos fazemos capazes, pela abertura. E Deus dá esse dom, de nós nos purificando, sem deixar descer o trajeto difícil e desafiador da história, mas a luz de um percurso que nos vem, porque percorremos o fundo do coração de Deus e aqui proclamamos e dizemos de verdade, aquilo que Deus indica e quer para fazer nova todas as coisas. Portanto, não é um fazer nova todas as coisas, como promessa na medida em que Deus faz uma intervenção cósmica para além, de toda lógica. 

      Porque esse Deus nosso, que é Pai. Escolheu fazer a intervenção maior e definitiva através da encarnação do seu filho, da sua morte na cruz e da sua ressurreição. A compreensão no poder de Deus na nossa lógica, jamais admitiria um tal percurso. Digo isso, porque os Evangelhos tem testemunhos dos discípulos primeiros, que não conseguiram compreender, que duvidaram, que não se moveram nesta garantia dada por Deus, até pelo contrário, uns negaram, outros fugiram, muitos disseram até que só acreditariam se colocassem o dedo no lado ferido dele. Porque a nossa lógica é prova, não consegue fazer essa ultrapassagem e nem essa emenda que modifica a história, com a força que vem de Deus, se não, pela força dessa experiência profunda que podemos fazer como  dom,  como carisma, como graças dadas por Deus.  E o fazer novas todas as coisas, esse novo, essa novidade é exatamente fazer com que a história atenta, sensível, tocada profundamente, por aquilo que agente não tira da maleta que agente carrega, não tira do bolso que agente tem e não tira nem mesmo, só  do próprio coração, mas retira do absoluto e do mais profundo do mistério de Deus, para poder proclamar e indicar no coração da história, dando à história a possibilidade, portanto, de ser nova. Nova  não por ser uma moda nova, não simplesmente porque é algo incomum. Mas nova, porque tenha qualidade nas feições e nas características daquilo que é o próprio de Deus.  

       Portanto, grande e belíssimo é o desafio do nosso percurso de fé. O processo  desafiador de nos purificar enquanto fazemos o  caminho penitencial, por dentro da história difícil que é, uma grande tribulação, mas com os olhos pregados no coração do mistério amoroso de Deus. Dizendo para essa história, aquilo que lá se vê e aquilo que Ele nos pede para aqui traduzir, em palavras e em gestos para que de verdade, o que já é garantido seja, uma realidade. Em Deus e com  Deus porque é promessa sua, todas as coisas se farão novas. Obrigado!

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