sexta-feira, 25 de novembro de 2011

4. AS CONDIÇÕES PARA UM VERDADEIRO DISCERNIMENTO


Não é possível iniciar um discernimento espiritual dos carismas sem ter as disposições necessárias para este momento importante da vida da comunidade eclesial. Querendo ajudar-nos a prática do discernimento, tornam-se imprescindíveis pelo menos estas condições:

4.1. Sentir-se realizado como pessoa humana

Em todos os envolvidos no discernimento dos dons de Deus, exige-se um grande equilíbrio no que dizem e no que fazem. Devem ser pessoas serenas e contentes, apesar de seus defeitos e de suas limitações, e que não deixem levar por frustrações, compensações afetivas. Um equilíbrio psíquico é indispensável, evitando a presença de pessoas que sofrem de esquizofrenia ou carregam fortes complexos em sua vida ou são sujeitas a alucinações.

4.2. Encontrar-se num momento sereno e tranquilo

Quem sofresse graves distúrbios na sua personalidade não teria condições para enfrentar um discernimento, pelo menos neste momento. É necessário que a pessoa se encontre num momento favorável e positivo: tenha um bom nível de autoestima; saiba apreciar a si mesma e aos outros; seja capaz de optar pela vida; saiba reconhecer o bom que existe nos outros e saiba perdoar suas falhas; esteja sempre pronto e alegre em servir. Já seriam sinais

Já seriam sinais contrários: uma autocrítica rigorista; uma hipersensibilidade à crítica; uma indecisão crônica; um desejo excessivo de agradar; uma culpabilidade neurótica. Assim como uma atitude de pessimismo, que se decepciona com quase tudo, que não sabe ver mais nada de bom e positivo em si e nos outros.

4.3. Intensificar a vida de oração

Para quem quer assumir seu compromisso de fé e de serviço à missão de Cristo é sempre necessário manter-se em união com Deus pela oração e intimidade com Ele. Ainda mais quando se apresentam momentos mais importantes e delicados de sua vida, como pode ser o discernimento dos dons de Deus. É justamente nestes momentos que se faz mais necessário pedir a luz e a força do Espírito Santo, prestando muita atenção à nossa maneira de rezar e mantendo um clima de união e de intimidade com o Senhor ao longo do dia.
É preciso muita luz do Espírito Santo para saber distinguir e examinar os “espíritos” ou as “moções”, movimentos do Espírito, mas também se faz necessário pedir muita força do Espírito Santo para poder levar a cumprimento as decisões tomadas no fim do discernimento.

4.4. Ser interiormente livre

Não poderia surtir efeito o discernimento se as pessoas envolvidas não possuíssem uma liberdade interior, que as faça interiormente desapegadas das coisas, das pessoas, dos lugares, enfim de tudo que possa condicionar qualquer decisão a ser tomada.

Assim como seria uma perda de tempo e não poderia chegar a decisões acertadas, quem entrasse no discernimento dos carismas com uma posição já tomada sobre o objeto a ser discernido ou movido por preconceitos que invalidariam e prejudicariam todo e qualquer processo de discernimento. É indispensável manter-se numa atitude de liberdade interior, de disponibilidade e abertura para qualquer possível sinal ou opção que aparecer como vontade de Deus. Enfim, ser ainda interiormente livre para ser capaz de assumir qualquer decisão que aparecer como deliberação final do discernimento realizado, de acordo ou contra o meu parecer, a minha posição pessoal.

4.5. Profundamente amante da verdade

O amor à verdade é condição indispensável para qualquer discernimento. Sem esta característica, se perde credibilidade e se coloca em dúvida qualquer decisão que venha a ser tomada. Para o discernimento dos dons de Deus, é necessário amar a verdade mais do que o extraordinário. Por isso, quem se encontra nesta atitude não tem medo de ser avaliado pela Hierarquia da Igreja, porque confia na ação de Deus nela, apesar de possíveis fraquezas ou defeitos, porque reconhece nela a função dada por Deus de discernir os dons do Espírito Santo.

Quem alimenta um profundo amor à verdade mantém uma renovada confiança em Deus e obedece à Hierarquia da Igreja em caso dela se manifestar contrária ao seu dom, porque confia na ação de Deus. O amor à verdade leva a pessoa a não gostar de aparecer, a ser temerosa em falar de fatos extraordinários e a estar com medo de enganar-se e de enganar os outros. Por isso, busca a ajuda de um padre espiritual e se deixa guiar por ele e pela Hierarquia.

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