sexta-feira, 25 de novembro de 2011

PARA QUEM É O DISCERNIMENTO?


São João Evangelista, na sua primeira carta que nos deixou, convida todos a saberem examinar os espíritos, pois somente através do discernimento poderemos ter a certeza se são de Deus ou, pelo contrário, eles vêm do maligno:

Não acrediteis em qualquer espírito, mas examinai os espíritos para ver se são de Deus, pois muitos falsos profetas vieram no mundo. Nisto reconheceis o espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio na carne é de Deus; e todo espírito que não confessa Jesus não é de Deus; é este o espírito do anticristo. Dele ouvistes dizer que ele virá e agora ele já está neste mundo. (1 Jo, 1-3).

Não pensemos que o discernimento seja uma tarefa complicada ou difícil, que exija estudo ou outras qualidades de que a maioria do povo de Deus carece. Nada melhor que refazer-nos às palavras de Jesus Cristo que criticava os fariseus e doutores da Lei por não saber praticar o discernimento no cotidiano da vida e perder aquela capacidade de distinguir os sinais dos tempos, que todo homem de fé sabia fazer:

Quando vedes levantar-se uma nuvem no poente, logo dizeis: ‘Vem chuva’, e assim acontece. E quando sopra o vento do sul, dizeis: ‘Vai fazer calor’, e isso sucede. Hipócritas, sabeis discernir o aspecto da terra e do céu, e por que não sabeis o tempo presente? (Lc 12, 54-56)

Aprendam, portanto, a parábola da figueira quando seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, vocês sabem que o verão está perto. Vocês também quando virem todas estas coisas, fiquem sabendo que ele está perto, já está às portas (Mt 24, 12-13)

Esta capacidade de perceber a ação de Deus em nossa vida pessoal e em nossa história de povo de Deus é o que se espera no momento do discernimento, no qual nos dispomos a colher em nosso coração a vontade de Deus e a pô-la em prática.

O discernimento é um fato que cada vez mais deve entrar na vida do cristão, não somente em casos extraordinários, e sim no seu cotidiano. Quantas decisões  que tomamos ou estamos tomando ou iremos tomar, que precisam de um discernimento espiritual, pelo qual, orientados por critérios evangélicos, saibamos encontrar a vontade de Deus em nossa vida.
A escolha de uma profissão, de uma vocação, de um estado de vida (casamento, vida religiosa,etc.), de estudos, de amizades quantas vezes são tomadas por um certo imediatismo e não por um discernimento segundo os critérios evangélicos.

Assim como na vida eclesial precisamos do discernimento comum na escolha de agentes de pastoral, na hora de fixar prioridades pastorais e de tomar várias iniciativas para o bem da comunidade. Por isso foram criados os conselhos na vida da Igreja, em todos os níveis, para que todos aprendamos a examinar os “espíritos” e a perceber o que Deus espera da sua Igreja.

Nós, hoje, precisamos vivenciar muito a prática do discernimento na vida eclesial, temos que saber discernir os carismas, sobretudo aprender a examinar os dons do Espírito que parecem ter algo extraordinário na vida de certas pessoas e que, muitas vezes, são motivo de sofrimento para quem presume ter tais dons.


               

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