1. A justiça, sopro de amor do Espirito Santo
contra a cultura da corrupção e as injustiças
A Conferencia
Nacional dos Bispos do Brasil, dizia, no seu documento para a festa de 7 de
setembro deste ano de 2005, que “a nossa
Pátria vive momentos de grande sofrimento. As instituições políticas do País
estão sendo duramente atingidas. Reiteradas denúncias de corrupção perpassam
vários níveis do Poder público. Cresce a indignação ética que nasce da
consciência da violação de valores fundamentais da nossa sociedade. A
democracia não subsiste à corrupção. O povo brasileiro precisa recuperar a
esperança - pela apuração da verdade dos fatos, pela restituição dos bens
públicos subtraídos – numa colaboração eficaz para a real purificação de nossas
instituições....
A atual
crise está levando o povo ao descrédito da ação política. Instaurada pela
revelação de práticas ilegais, ela reflete um mal antigo de natureza política,
do qual os desvios éticos são sintomas significativos. A cultura da corrupção,
alimentada por corporativismos históricos, tem utilizado as estruturas de poder
para o benefício próprio, substituindo o debate de idéias por projetos de
poder... “.
O Movimento Carismático de Assis desde sua origem,
sempre teve que se defrontar com o assunto da justiça e foi chamado para ajudar
a promover no mundo relações novas entre as nações. A atual crise política pela
qual está passando o nosso país se torna, para nós do Movimento Carismático de
Assis, mais uma ocasião para colaborar ao amadurecimento das instituições
democráticas do País e para comprometer-se mais com a justiça e a verdade que
nos liberta em vista de um Brasil mais justo, solidário e livre.
“... Por dez justos não teria destruído Sodoma. Eu só resido nos justos,
ai eu habito,
nos justos eu trabalho, é neles e com eles que eu construo e opero.
E a justiça possui diferentes e refinadas nuanças,
nos justos eu trabalho, é neles e com eles que eu construo e opero.
E a justiça possui diferentes e refinadas nuanças,
ela não deve ter sinaleiras que a parem, conforme a própria comodidade.
E hoje não há justiça, eis porque... grita-o:
Quero refazer novas todas as coisas”. (20.04.68)
Desde sua origem o Senhor
inspirou a Franca, para que se ensinasse aos membros do Movimento Carismático
de Assis que a justiça não é uma brincadeira, mas que è imprescindível o amor à
verdade e à justiça, para poder construir uma sociedade solidaria e fraterna
como o Senhor quer. Sò com ela, pode-se participar do projeto que Deus Pai quer
por meio do Movimento Carismático de Assis.
“A humanidade considera a justiça como uma brincadeira.
Mas Eu não brinco com a justiça.
Cubro-a muitas vezes com a misericórdia, mas depois
quero a prestação de conta seja da misericórdia usada, seja da
justiça...
Eu disse ‘Bem-aventurados os que sofrem por causa da justiça,
porque serão saciados’...”. (25.05.79)
“Quando eu faço justiça é porque quero
que os culpados reconheçam sua culpa.
Se não o fizerem, se fingirem que nada aconteceu,
Eu volto para fazer justiça”.
(23.11.88)
Nesta obra de renovar
a face da terra, própria do Espírito Santo, nós como Movimento Carismático de
Assis, mas também todos os que se reconhecem seguidores de Jesus Cristo, somos
convidados a participar com todas as nossas forças, para que se restabeleça o
amor à verdade e à justiça em todos os ambientes.
“Filha escreve:
amai as palavras do Senhor,
aprofundai-as, imprimi-las bem no coração e na mente.
Aderi a elas não por uma hora, mas sempre.
Ponde ordem moral nos vossos ambientes, onde viveis,
porque será cobrado a quem podia com a autoridade
inocular-me e não o fez
no âmbito familiar, na comunidade ou na Hierarquia”. (30.12.67)
Esta exigência
vale para todas as pessoas que pelas
suas convicções éticas, são capazes de sempre se reanimar e se levantar com
mais coragem e esperança. Está em nossas mãos a mudança do Brasil, como dizem
os nossos bispos, se formos capazes de mudar uma cultura da esperteza, do
corporativismo, da corrupção e da mentira, para uma cultura de fraternidade,
fundada sobretudo sobre o amor à justiça.
“A justiça è o bom uso do Amor,
em todos os níveis, com todas as pessoas.
A justiça é perder antes que ficar com uma grama.
A justiça é um regulamento que, se não for observado, cultiva costumes
deletérios.
Os atos de justiça refinam a caridade, aumentam o amor”. (27.05.76)
2. A
verdade, sopro de amor do Espirito Santo
para vencer o medo e a hipocrisia
Analisando o amor à
justiça, Franca aprende do Senhor que não se pode imaginá-la sem o amor à
verdade. As duas andam juntas, são inseparáveis, assim como não podem ser
divididas as duas faces de uma mesma moeda. Aqui tocamos mais um ponto
fundamental de nossa espiritualidade cristã, mas que para os membros do
Movimento Carismático de Assis se torna vital.
“A caridade por si só não
existe,
existe na verdade e na justiça
praticadas,
postas em prática juntas,
exercidas juntas”. (29.01.84)
A fome do mundo hoje é justamente fome de verdade, que uma vez posta em pratica se torna justiça. Por isso, verdade e justiça vão sempre unidas. Não se pode imaginar as duas separadas. Não há justiça se falta amor à verdade, assim como não ha verdade se falta amor à justiça, porque fruto da verdade é o triunfo da justiça. Quem não pratica a ambas, não tem em si suficientemente nem amor, nem verdade.
O nosso Deus é um Deus
que ama a verdade e odeia a mentira, pois Ele è... a Verdade. Por isso, insiste
com Franca que cada um O siga preocupando-se em cuidar da verdade na sua vida.
A verdade deve ser protegida, não dizendo nunca mentiras, nem mesmo nas
pequenas coisas, aos próprios irmãos e irmãs. Acreditar, como dizia Jesus, que
a verdade nos libertará, por isso temos que amar a verdade e a justiça contra a
corrupção e a mentira, que assola o mundo, para sermos livres, também na
prática, de seguir e de trabalhar pelo Senhor.
O primeiro fruto do
amor à verdade é o de libertar a pessoa do medo. A mentira é fruto da falta de
coragem em amar a verdade. Isto gera o medo, que, por sua vez, gera outra
mentira. Forma-se assim um circulo vicioso, do qual só se pode sair, quando se
amar a verdade sempre, em todas as circunstancias.
“Se vos parece não terdes
bastante coragem,
examinai-vos em que medida
amais a verdade.
Quanto mais amardes a verdade
no íntimo,
tanto mais a coragem aumentará.
tanto mais a coragem aumentará.
A coragem sobe nos degraus da
verdade”,
repetia a Franca. Mas não è
tão fácil assim. Muitas vezes o amor à verdade e à justiça nos fazem perder um
amigo, perder um conhecido, um negócio, uma simpatia, um lugar... pelo Senhor,
para testemunhá-lo. O amor verdadeiro é amor a perda. Mas é este o desafio que
o Movimento Carismático de Assis deve saber enfrentar com seus membros, os
quais não somente são convidados a amar a justiça e a verdade, e sim a
consagrar-se à verdade. Por isso, no ato de consagração, exigido para quem quer
fazer parte do Movimento Carismático de Assis, se afirma ”consagro-me sem
reservas ao Movimento Carismático de Assis querido por ti, confirmando a
promessa de ser um tudo amante da verdade”.
“Ajudai-me a trazer à superfície a verdade, toda a verdade,
em todas as esferas sociais, religiosas, morais,
que impedem que ela venha à luz”
3. Redescoberta de uma postura ética
Diante da crise de
valores éticos que estamos vivendo, o Movimento Carismático de Assis recebe a
incumbência de reconfirmar na Igreja para o mundo o valor supremo da Aliança de
Deus na vida do seu povo. Não há momento mais intimo e mais forte na historia
da humanidade como o vivido no monte Sinai pelo povo de Israel, que vale para
ele e para todos os povos da terra. E’ preciso voltar àquele momento e
redescobrir o que aconteceu, pois se trata de um momento inesquecível para
Israel, mas também um ponto de referencia para toda a humanidade.
“A justiça se cumpre só
obedecendo aos Mandamentos de Deus; pelo contrario, entra-se na
injustiça”. (17.08.78)
Na Sagrada
Escritura, encontramos, várias vezes, o repetir-se de situações em que o povo
de Deus aos poucos, se esquece da Aliança feita com Javé e pontualmente cai na
escravidão e na miséria, até que o Senhor o ajuda a recuperar a memória
histórica do Sinai e a recomeçar de novo.
Esta Aliança era
salvaguardada pela observância dos dez mandamentos, a lei de Deus, que era a
síntese dos valores principais da vida humana. Neles estavam contidos todos os
pontos essenciais para que o povo pudesse crescer na fraternidade e respeito
mutuo, a base (a constituição) para constituir aquela nação, que segundo o
projeto de Javé, nosso Deus, devia servir de modela para as outras nações.
Na medida em que a
lei de Deus era respeitada, fortalecia-se a Aliança entre Deus e o seu povo. Ao
contrário, quanto mais era esquecida, tanto mais facilmente Israel se tornava
vitima de outros povos e o mais forte entre eles o subjugava e o tornava
escravo.
A função dos profetas era a de reavivar a memória do povo, para
que voltasse à primeira Aliança com o Senhor. Com isso, poderiam recuperar sua
dignidade de povo e tornar a ser um povo livre.
De fato, cada um dos dez mandamentos, oferecidos pelo Senhor, servia
para salvaguardar a liberdade de Israel.
Quando o povo esquecia de que libertava cada mandamento da Lei de Deus, corria
sempre o perigo de perder sua liberdade de filhos e filhas de Deus.
Tudo isso vale ainda
para nós hoje, sobretudo quando a cada dia estamos perdendo sempre mais a
liberdade de pessoas humanas, para ficarmos subjugados pelos ídolos do nosso
tempo, pelo secularismo, que destrói todo valor humano, exaltando unicamente a
“ditadura do subjetivismo e relativismo ético”.
“Deus não muda – di-lo a todos os consagrados,-
até o fim do mundo os meus mandamentos não sofrerão alterações.
E’ a observância dos Mandamentos todos que os prepara ao Amor da Verdade.
E o amor à verdade vos tornará… livres, livres de realizar-vos em Deus”. (16.05.77)
até o fim do mundo os meus mandamentos não sofrerão alterações.
E’ a observância dos Mandamentos todos que os prepara ao Amor da Verdade.
E o amor à verdade vos tornará… livres, livres de realizar-vos em Deus”. (16.05.77)
Diante de uma sociedade que quer autodeterminar-se na escolha de
seus valores morais e tolera qualquer posição ética, justificando-a como busca
de liberdade pessoal, o Senhor pede ao Movimento Carismático de Assis que
promulgue de novo para a Igreja e a sociedade o valor fundamental da Aliança
estabelecida com Deus e que continua atual porque Deus sempre è fiel e nunca se
cansa de repropor esta aliança para a humanidade, mesmo que ela volte as
costas, seja infiel, não queira mais observar os mandamentos de Deus.
“A flecha que indica o caminho
para vir a Mim são os dez mandamentos.
Observai-os, vós do Movimento
Carismático de Assis,
se quiserdes ver florescer a
Obra.
Dizia por boca dos profetas:
O’ se Israel me ouvisse.
Teria continuado a fazer
milagres.
Eu os quero fazer para vós,
mas vos quero irrepreensíveis”. (03.12.77)
Franca è ensinada
pelo Senhor para que passe ao Movimento Carismático de Assis e à Igreja que as
provas de amor para Deus são a observância dos mandamentos: todos, não só
alguns. Sem esta grife, não se pode percorrer o caminho santo, apontados por
Isaias. Todos do Movimento devem ser
santos, porque o verdadeiro Movimento Carismático de Assis è santo. Com a
fidelidade aos mandamentos, o Senhor nos torna cada vez mais capazes de
discernir a sua palavra e descobrir que não são mais um peso, como muitas vezes
se consideram, por causa de uma catequese pouco iluminada, que os apresenta
simplesmente como obrigações a serem cumpridas e não valores que libertam e constróem.
“Quem segue os meus mandamentos terá depois em si amor
a eles e
o Amor nunca mais o fará senti como um jugo ou um peso”. (28.06.81)
o Amor nunca mais o fará senti como um jugo ou um peso”. (28.06.81)
Quando Franca foi
solicitada, por padres pouco iluminados, a deixar sua mãe de 94 anos para
dedicar-se mais livremente ao Movimento Carismático de Assis, sentiu uma locução
forte, que lhe dizia de não abandoná-la porque antes do Movimento Carismático
de Assis e de qualquer outra coisa, há os mandamentos da lei de Deus. Assim
como lhe foi pedido que se expusessem os 10 mandamentos nas casas, para que
fossem sinal e lembrança da Aliança daquela família, comunidade ou paróquia com
o Senhor.
Conclusão
Como cristãos, em força do
nosso batismo, todos somos chamados a viver a dimensão profética ou carismática
da Igreja. Como sermos evangelizadores e profetas no nosso contexto atual de
Brasil e de mundo?
O Movimento Carismático de
Assis propõe neste congresso elementos fundamentais e tradicionais da vida
cristã, mas para muitos podem aparecer novidade no contexto de profundas
mudanças que estamos vivendo, na alteração da hierarquia de valores, a que
assistimos, com perda progressiva de
orientação moral e referencia a Deus, o Transcendente.
Este Movimento quer inserir-se
cada vez mais na missão da Igreja, ajudando-a a valorizar e redescobrir valores
profundos da pessoa, deixando-se conduzir pelo sopro do Espirito Santo que
sempre anima e sustenta a sua Igreja ainda hoje.
Sejamos capazes então de acreditar e de adorar
este sopro de Deus, que o Espirito Santo oferece à sua Igreja. Sempre a Franca
dizia em locução interior:
“Ha uma adoração
que ninguém faz:
Adorar o Meu
Sopro.
Por ele, mudarei
muitas coisas e derrubarei o mal,
não permitindo
que os réprobos vençam.
Com o meu sopro
os aniquilarei. O Espirito Santo é: Amor,
mas o meu Sopro
é ação de poder”. (24.11.87)
Adorar
então hoje e sempre em nossa vida o sopro do Espírito Santo, nosso Deus,
significa acreditar na ação de poder deste sopro, que a Hierarquia da Igreja è
chamada a reconhecer. Também o Movimento Carismático de Assis quer ser
reconhecido pelos seus bispos como sopro de Espírito Santo não somente pelos
reconhecimentos e aprovações que recebe, mas sobretudo pelos frutos que por
meio dele o Espírito Santo proporciona à sua Igreja, da qual nós como membros
do Movimento Carismático de Assis sempre queremos ser humildes servidores da
sua missão.
Salvador, 8 de setembro de 2005.
Pe. Joao Pedro Cornado, SI
Assistente espiritual do Mc de
Assis
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